Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil – Brasília
As contas externas registraram saldo negativo de US$ 7,253 bilhões em janeiro deste ano, o segundo mês consecutivo de déficit, após oito meses de superávit em 2020. De acordo com dados divulgados hoje (24) pelo Banco Central (BC), em janeiro de 2020 o déficit foi maior, de US$ 10,3 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com outros países.
“A redução no déficit decorreu das retrações de US$ 1,4 bilhão e de US$ 0,9 bilhão nas despesas líquidas de serviços e de renda primária, respectivamente, além do aumento de US$ 0,6 bilhão no saldo da balança comercial”, informou o BC em relatório.
Em 12 meses, encerrados em janeiro, foi registrado déficit em transações correntes de US$ 9,405 (0,65% do Produto Interno Bruto – PIB), ante saldo negativo de US$ 52,755 bilhões (2,85% do PIB) em janeiro de 2020 e déficit de US$ 12,457 bilhões (0,87% do PIB) no período equivalente terminado em dezembro de 2020.
Balança comercial e serviços
As exportações de bens totalizaram US$ 14,954 bilhões em janeiro, com aumento de 2,8% em relação a igual mês de 2020. As importações somaram US$ 16,865 bilhões, queda de 1% na comparação com janeiro do ano passado. Com esses resultados, a balança comercial registrou déficit de US$ 1,910 bilhão no mês passado, ante saldo negativo de US$ 2,486 bilhões em janeiro de 2020.
O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) manteve a trajetória de retração e atingiu US$ 962 milhões em janeiro, ante US$ 2,351 bilhões em igual mês de 2020.
No caso das viagens internacionais, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$ 269 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 308 milhões. Com isso, a conta de viagens fechou o mês com déficit de US$ 39 milhões, que segue evidenciando os impactos das restrições de viagens devido à pandemia de covid-19.
Rendas
Em janeiro de 2021, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$ 4,664 bilhões, contra US$ 5,600 bilhões no mesmo mês de 2020.
A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$ 283 milhões, contra US$ 131 milhões em janeiro de 2020.
Investimentos
Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,838 bilhão no mês, ante US$ 2,654 bilhões em janeiro de 2020. Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2021, o IDP totalizou US$ 33,350 bilhões, correspondendo a 2,32% do PIB, em comparação a US$ 34,167 bilhões (2,38% do PIB) no mês anterior e US$ 69,048 bilhões (3,73% do PIB) em janeiro de 2020.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo. Apesar de os investimentos estarem menores neste ano, no acumulado de 12 meses o IDP supera o déficit nas contas externas, que também se reduziu por causa da crise gerada pela pandemia.
Em janeiro, houve entrada líquida de investimento em carteira no mercado doméstico no total de US$ 1,269 bilhão, contra US$ 579 milhões de entrada líquida em igual período de 2020. No caso das ações e fundos de investimento, houve entrada de US$ 1,311 bilhão. Já os investimentos em títulos de dívida tiveram saída líquida de US$ 42 milhões.
O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 355,416 bilhões em janeiro de 2021, redução de US$ 204 milhões em comparação a janeiro de 2020.
Para o mês de fevereiro de 2021, a estimativa do Banco Central para o resultado em transações correntes é de déficit de US$ 2,3 bilhões, enquanto a de IDP é de ingressos líquidos de US$ 6,5 bilhões.