Para quem gosta do Carnaval, a proximidade da festa é motivo de ansiedade, sofrimento e pressa para saber qual artista estará em cada circuito, quem ficou de fora e quais as novidades de cada ano. No entanto, em 2021, a folia foi cancelada em Salvador após publicação do decreto conjunto da Prefeitura e do Governo do Estado, que suspende os dias de ponto facultativo da festa devido à pandemia do novo coronavírus. Aos amantes do reinado de Momo, o sentimento é de saudade e expectativa de explodir de alegria no ano que vem, caso a situação estiver mais segura.
Confiante na vacina e com a fantasia do bloco garantida, o professor de história João Vitor Vieira, 25 anos, vai guardar a energia para o próximo ano. “Vivo em função do Carnaval. Como é dito por aqui, o ano só começa de verdade depois da folia e sempre começa diferente, com o ânimo renovado, porque o Carnaval faz isso com a gente. Mas estou confiante de que a vacina vai nos permitir ter, em 2022, essa festa que é uma parte importante da nossa identidade cultural”.
Apesar da frustração por não desfilar este ano, o folião põe todas as fichas na festa de 2022. “A empresa que vende os abadás já garantiu que quem comprou antecipado já garantiu automaticamente o passaporte para o próximo ano, o que tranquiliza muito”, completou.
Outros carnavais – Folião da velha guarda, o aposentado Antônio Fernandes, de 66 anos, foi batizado na folia ainda criança, nos bailes da Associação Atlética da Bahia (AAB). Aos 18, saiu pela primeira vez de mortalha, no bloco Saco Xeio. Mais tarde, foi figurinha frequente nos ensaios dos tradicionais blocos Barão e Jacu, referências clássicas da folia sem cordas na capital baiana.
E não parou mais. Já foi folião de entidades como o Cheiro de Amor, Camaleão e Filhos de Gandhy, além de curtir a festa como pipoca. Mais recentemente, o velho sambista buscava alegria em entidades populares, como o Alerta Geral, que mistura os sambas da Bahia e do Rio de Janeiro nas ruas do Centro de Salvador.
“O Carnaval tem muita importância na minha vida. Me trouxe diversão, me fez conhecer pessoas, revi amigos, brinquei e me diverti. Hoje, devido à pandemia, sinto muita falta da muvuca. Chego a ficar triste, mas é necessário o isolamento social”, alerta.