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Por André Paixão, G1

Mais de R$ 2 bilhões destinados exclusivamente ao enfrentamento do coronavírus em estados e municípios estão parados há mais de um mês. O dinheiro é proveniente de emendas parlamentares de bancadas estaduais, e foi anunciado em 2 de abril, por meio da Medida Provisória 941.

Até esta quarta-feira (6), R$ 1,48 bilhão desta soma são considerados “comprometidos”, ou seja, reservados para pagamento. Porém, nem um centavo foi pago, efetivamente.

Quando o G1 entrou em contato com o Ministério da Saúde, na terça-feira (5), o valor reservado era de apenas R$ 1,7 milhão.

Esses R$ 2 bilhões são uma parte do orçamento de R$ 11,9 bilhões vindo de emendas, sejam de bancadas, ou por ações individuais, previstos para 2020. Deste total, R$ 6,9 bilhões já foram reservados, e R$ 3,9 bilhões já foram pagos.

De acordo com o Ministério da Saúde, a verba destinada ao combate à Covid-19 proveniente de emendas é de R$ 8,4 bilhões sendo que R$ 5,2 bilhões são de emendas individuais e R$ 3,2 bilhões vêm de emendas de bancada, como esses recursos que estão parados.

Para onde vai o dinheiro?
Os R$ 2,1 bilhões da MP 941 foram solicitados pelas bancadas parlamentares estaduais, por meio de emendas, como uma forma de realocar parte do orçamento para o combate à Covid-19.

“Foi aberta uma janela de tempo, e dada uma oportunidade às bancadas de destinar recursos a uma ação específica”, disse Gil Castello Branco, economista da ONG Contas Abertas.

Foram 73 emendas, de 22 estados. Apenas as bancadas de Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Piauí e Santa Catarina não apresentam propostas.

Dos estados que fizeram emendas, São Paulo e Pará foram os que mais solicitaram recursos para a ação exclusiva de combate ao coronavírus, com R$ 219,5 milhões, cada. Veja, na tabela abaixo, quanto cada unidade da federação requisitou:

:

Recursos de emendas de bancada para o combate ao coronavírus

verba autorizada (em milhões de R$) verba empenhada (em milhões de R$) casos de coronavírus até 7/5 mortes por coronavírus até 7/5
Acre 57,1 28,1 1014 36
Alagoas 89,6 73,7 1867 98
Amapá 109,1 59,2 2197 61
Amazonas 116,8 116,8 10099 806
Bahia 211,5 126,9 4528 165
Ceará 181,1 181 14449 932
Distrito Federal 70,8 50,4 2296 35
Espírito Santo 0 0 3984 157
Goiás 107,8 78,6 1056 41
Maranhão 131,2 126,1 5907 330
Mato Grosso 0 0 407 14
Mato Grosso do Sul 5,5 0 326 11
Minas Gerais 34,2 0 2779 106
Pará 219,5 0 5834 447
Paraíba 27,3 15,6 1850 111
Paraná 0 0 1656 104
Pernambuco 92,6 85,1 10824 845
Piauí 0 0 1131 37
Rio de Janeiro 97,7 97,7 14156 1394
Rio Grande do Norte 65,3 39 1821 81
Rio Grande do Sul 99,3 63,9 2220 91
Rondônia 31 31 1102 37
Roraima 58,5 49 1124 16
Santa Catarina 0 0 3082 63
São Paulo 219,5 214,3 40015 3208
Sergipe 56,9 46,2 1214 25
Tocantins 31,3 2 494 9
TOTAL 2.113,6 1.484,6 137.432 9.260

Inicialmente, os mais

Inicialmente, os mais de R$ 2 bilhões são classificados como “Autorizados”, quando as despesas estão previstas no orçamento. Esse é o primeiro de 4 passos de um dinheiro no orçamento.

A etapa seguinte é o comprometimento do uso do dinheiro. É onde estão os R$ 1,48 bilhão citados acima.

Na sequência, as verbas são executadas. Isso ocorre quando existe a entrega do produto ou a prestação do serviço, seja total ou parcial. Só aí o pagamento é feito.

Emendas x número de casos
Ao cruzar os dados das emendas de bancadas estaduais com o número de casos e mortes registrados pelas secretarias estaduais de saúde, é curioso observar que alguns estados em que coronavírus avança mais rapidamente não estão entre os maiores beneficiários das verbas do governo.

O Rio de Janeiro, por exemplo, é o segundo estado com maior número de casos e mortes. No entanto, a soma das verbas de bancada é apenas a décima maior do país.

O mesmo acontece com Pernambuco, que fica logo atrás do Rio nos pedidos de verbas de bancada, mas é o quarto estado brasileiro com maior número de casos e mortes pela Covid-19.

Minas Gerais, o 11º estado em casos de coronavírus foi o quinto que menos pediu dinheiro por meio de sua bancada.

Pior que eles estão Espírito Santo e Santa Catarina, respectivamente nono e decido estados com maior número de casos confirmados de Covid-19, que sequer pediram verbas para o combate da doença por meio de emendas de bancada.

Ministério diz que já repassou R$ 5 bilhões
Na última quarta-feira, em apresentação no Senado, o Ministério da Saúde afirmou que já repassou R$ 2,5 bilhões em emendas para os estados, e que, até o fim desta semana, iria liberar mais R$ 1 bilhão.

Questionado pelo G1 sobre a origem desses recursos, o ministério disse que eles fazem parte dos R$ 8,4 bilhões em recursos de emendas parlamentares previstos para 2020.

Veja abaixo quanto cada estado recebeu em emendas parlamentares, de acordo com o Ministério da Saúde:

Verbas destinadas pelo Ministério da Saúde aos estados

estado valor repassado (em milhões de R$)
Acre 36,1
Alagoas 86,9
Amapá 26,8
Amazonas 56,8
Bahia 184,1
Ceará 135,3
Distrito Federal 25,2
Espírito Santo 45,1
Goiás 114,8
Maranhão 148,7
Mato Grosso 66,2
Mato Grosso do Sul 71,1
Minas Gerais 248,9
Pará 169,6
Paraíba 86,7
Paraná 143,5
Pernambuco 146,6
Piauí 76,6
Rio de Janeiro 185,1
Rio Grande do Norte 52,9
Rio Grande do Sul 66,7
Rondônia 24,8
Roraima 26,5
Santa Catarina 46,7
São Paulo 185,7
Sergipe 26,4
Tocantins 23,7
TOTAL 2.507

Emendas são parte do orçamento
Até agora, há R$ 250 bilhões destinados pelo governo para o combate exclusivo ao coronavírus em todas as áreas.

Este orçamento inclui, por exemplo, o pagamento do auxílio emergencial, que representa quase metade dos gastos.

Até agora, foram pagos R$ 61,8 bilhões, sendo que a maior fatia foi, exatamente, para o pagamento do auxílio emergencial – pouco mais de R$ 35 bilhões, destinados pelo Ministério da Cidadania.

A verba prevista para o Ministério da Saúde é de pouco menos de R$ 19 bilhões. Desses, R$ 5,7 bilhões já foram pagos, sendo que R$ 5,3 bilhões foram enviados a estados e municípios.

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