A partir desta terça-feira (5), Salvador já passa a contar com mais 47 leitos de UTI destinados a pacientes graves com Covid-19. Instalado pela Prefeitura, o Hospital de Emergência para Tratamento contra o Coronavírus, localizado na Alameda das Espatódeas, no Caminho das Árvores, foi entregue pela manhã em cerimônia que reuniu o prefeito ACM Neto, o vice Bruno Reis e o titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Leo Prates, além de corpo técnico e imprensa.
O prefeito lembrou que este hospital foi objeto de uma requisição administrativa realizada pelo município logo no início da pandemia. “Uma das primeiras preocupações quando percebemos a amplitude que o coronavírus teria no Brasil foi determinar a equipe de saúde que mobilizasse todo o esforço possível no sentido de ampliar a quantidade de leitos clínicos e os de terapia intensiva disponíveis na cidade. A ampliação da rede de assistência à saúde é decisiva para que possamos salvar vidas, principalmente de pessoas em estado grave vítimas da Covid-19”, afirmou ACM Neto.
Com investimento de quase R$19 milhões, a unidade, onde antes funcionava um hospital dia, possui três pavimentos e foi requisitado pela Prefeitura ao Itaigara Memorial no início de abril. A estrutura terá funcionamento 24 horas por dia e já começa a receber pacientes na tarde de hoje. Nesta primeira etapa, 17 leitos situados no andar térreo estão liberados para aqueles encaminhados pelo Sistema de Regulação.
Até a segunda-feira (11), os outros 30 leitos, localizados no primeiro andar, também serão liberados para uso. Todos os leitos são isolados e equipados com ventiladores pulmonares, monitores multiparamétricos e eletrocardiográficos, radiologia clínica e gases medicinais para atendimento adequado aos casos graves. Dos 47 respiradores, 15 foram fruto de doação da Rede D’Or, que administra o Hospital Santa Izabel. Já o segundo andar é dedicado a serviços administrativos.
O Hospital de Emergência é administrado pela S3 Gestão em Saúde, vencedora da licitação municipal. A estrutura terá 336 profissionais de saúde, sendo cinco médicos intensivistas plantonistas, cinco médicos intensivistas diaristas, um infectologista, um pneumologista, 28 fisioterapeutas, 28 enfermeiros especializados em UTI, quatro bioquímicos, quatro farmacêuticos, seis assistentes sociais, 135 técnicos de enfermagem e quatro técnicos de laboratório, além do corpo administrativo.
Esforço – O prefeito salientou que a administração municipal vai continuar mobilizando o máximo do esforço para ofertar novas vagas clínicas e de UTI para tratamento de pacientes com coronavírus na capital baiana. Na próxima semana, por exemplo, deverá ser iniciado o funcionamento do Hospital de Campanha, localizado na área do antigo Wet’n Wild, na Avenida Paralela. A estrutura terá, inicialmente, uma tenda com 40 leitos clínicos e 50 de UTI, e uma segunda tenda já está sendo construída para, caso necessário, oferecer mais 80 leitos clínicos e de UTI.
Já estão sendo utilizados os 39 leitos de UTI, frutos de contrato da Prefeitura com os hospitais Português, Santa Izabel e Martagão Gesteira, além da ampliação no Hospital Municipal de Salvador. Foi feita a requisição administrativa do Hospital Sagrada Família, que está em fase de preparação e será gerido pelas Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) – o local terá dez leitos de UTI e dezenas de leitos clínicos.
Está em fase avançada a formalização da requisição administrativa do Hospital Salvador, com dez leitos de UTI, e do COT Canela, também com dez vagas de UTI. Neste último caso, está sendo feito processo de seleção de nova organização social que deverá administrar esses leitos e possibilitar, ainda, mais 40 vagas de terapia intensiva.
A Prefeitura também está avançando na parceria com o Hospital ProHope, que deverá receber neste fim de semana internamentos clínicos de Covid-19 e a intenção é implantar no local dez leitos de UTI. Além disso, prossegue a mobilização para aquisição de respiradores, inclusive com processo de chamamento público lançado para credenciamento de fornecedores do equipamento.
Em seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), estão sendo preparados os “gripários”, estruturas de atendimento instaladas em área anexa para atendimento dos casos menos complexos. A intenção é liberar espaço dentro das UPAs para recebimento de pacientes com o novo coronavírus.
Colapso – O prefeito alertou que, mesmo com todo esse esforço na entrega de novos leitos e unidades, a cidade corre um sério risco de, ainda neste mês de maio, sofrer colapso no sistema de saúde. “O único caminho possível para evitar esse cenário é o de as pessoas continuarem respeitando as medidas de restrição de mobilidade, apesar do decorrer do tempo e da impaciência que isso provoca, e terem a consciência de que o pior ainda está por vir”, disse ACM Neto. Ele ainda solicitou a colaboração dos prefeitos de cidades do interior para continuarem com as medidas de prevenção nas localidades, já que muitos pacientes acabem vindo buscar atendimento em Salvador, aumentando ainda mais a pressão no sistema de saúde da capital.
O secretário Leo Prates avaliou que Salvador ainda consegue dar atendimento aos pacientes do coronavírus, mas o quadro atual é grave. Por exemplo, a curva diária de crescimento de casos é de 7,5%, sendo que o ideal é baixar, pelo menos, para 6%. “As pessoas precisam entender que, nas nossas perspectivas e na dos epidemiologistas, entraremos em colapso já na semana que vem. Ou seja, não haverá leito de UTI para atender mais ninguém, nem no setor público e nem no privado. Podemos evitar o mal maior no sentido de que, se puder, fique em casa, e se não puder, use máscara”, completou.