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Por Laís Lis e Luiz Felipe Barbiéri, G1 — Brasília

O presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, afirmou nesta segunda-feira (6) que há “liberdade total” no Brasil para os preços de derivados de petróleo, como os combustíveis, e que não acredita em uma crise econômica motivada pelo acirramento das relações entre Estados Unidos e Irã.

“Eu não recebi em nenhum momento pedido, pressão, sugestão para baixar o preço, para fazer isso ou fazer aquilo. Existe liberdade total na prática para o preço de qualquer derivado de petróleo”, disse.

Desde 2017, a Petrobras tem repassado às distribuidoras as oscilações do mercado internacional e do câmbio, que incidem sobre o preço do barril de petróleo. Na sexta (2), Bolsonaro afirmou que o governo não iria interferir no mercado de combustíveis.

A escalada de tensão entre EUA e Irã, dois dos principais produtores mundiais de petróleo, começou na última quinta (2), quando o governo Trump anunciou ter assassinado o segundo homem mais poderoso do Irã, Qassem Soleimani. Desde então, os dois países trocaram ameaças de retaliação e novos ataques.

Na sexta (3), dia seguinte ao ataque, o preço dos contratos futuros do barril de petróleo teve uma alta de 3,54% e chegou a US$ 68,60. Nesta segunda-feira, o barril chegou a bater os US$ 70, mas recuou para US$ 68,41 no início da noite.

“Nós achamos pouco provável que uma crise política acabe resultando em uma crise econômica como houve no passado. O polo dinâmico de crescimento da produção de petróleo não é mais a Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo], são os países fora da Opep e, principalmente os Estados Unidos”, declarou Castelo Branco.

Segundo o presidente da Petrobras, os Estados Unidos têm capacidade de reagir rapidamente a preços, e isso desarma a possibilidade de um preço elevado se manter “por um período razoavelmente longo”.

Castelo Branco participou de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.

Segundo o ministro Bento Albuquerque, a reunião já estava marcada antes mesmo do Natal, quando não havia sinal de uma crise externa. A participação do presidente Bolsonaro, no entanto, foi motivada pela alta do petróleo no mercado internacional.

Medidas compensatórias
Bento Albuquerque afirmou que o governo estuda medidas para evitar impactos dessas crises externas no mercado de petróleo. Segundo o ministro, o pedido foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro após os ataques a refinarias de petróleo da Arábia Saudita, em setembro do ano passado.

“Acredito que em pouco tempo teremos uma resposta rápida para que o país não fique refém de cada crise de petróleo que acontece no mundo, a gente tem que ter os instrumentos para combater isso. Se o país tiver os instrumentos, as políticas corretas para utilizar, vai dar muita tranquilidade ao mercado, aos investimentos e também aos consumidores”, disse. O ministro, no entanto, não detalhou quais seriam esses mecanismos.

Questionado sobre a possibilidade de um subsídio para compensar a alta do petróleo, Bento afirmou que a opção também está em análise.“Subsídio não seria a palavra adequada. Uma compensação seria a palavra mais adequada”, declarou.

“Temos que criar, talvez, mecanismos compensatórios que compensem esse aumento sem alterar o equilíbrio econômico do país. Que isso não gere inflação, mas também não frustre expectativa de receitas”, afirmou o ministro.

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