Quando o assunto é economia criativa, Salvador se difere por diversos aspectos: é reconhecida como Cidade da Música pela Unesco, possui gastronomia prestigiada, maior cultura afro fora da África, é palco da maior festa de rua do planeta, o Carnaval… A lista de atrativos é extensa. E para potencializar a produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade, cultura e capital intelectual como insumos primários, a cidade ganhará no próximo ano o Polo de Economia Criativa, também chamado de Doca1, no Comério.
Mais um passo para a implantação do equipamento foi dado na segunda-feira (9). A Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), realizou a primeira audiência pública para ouvir opiniões, comentários e sugestões acerca do projeto, que faz do programa Salvador 360. O encontro aconteceu na sede da Fundação Gregório de Mattos, na Ladeira da Barroquinha, Centro.
“Estamos dando continuidade ao processo de estruturação do Polo de Economia Criativa, um projeto que vem sendo trabalhado há pouco mais de um ano. Agora, estamos numa fase de apresentação e discussão, de uma forma mais ampla, com a sociedade civil. Já havíamos publicado a consulta pública da minuta do edital e anexos da licitação para concessão do imóvel onde funcionará o equipamento”, afirmou o diretor de Parceria Público-Privada da Sedur, Gustavo Menezes.
Primeiro centro criativo público-privado do Brasil, o polo funcionará no Comércio, entre o Terminal Marítimo de Salvador e o prédio da alfândega da Receita Federal. A estrutura vai funcionar como uma plataforma de negócios para as empresas com foco em economia criativa nos diversos setores como cultura, música, entretenimento, design, mídia e conteúdos digitais. A ideia também é proporcionar benefícios para o desenvolvimento dos pequenos empreendedores criativos e gerar uma aproximação entre os distintos agentes do setor. O local também será palco de capacitações, eventos e workshops.
“Salvador vive muito de economia criativa, mas que acontece de forma muito informal, numa cadeia produtiva que não é estruturada. Segundo um levantamento do Sebrae, 85% das empresas do segmento são microempresas de até quatro pessoas trabalhando. Temos algo muito vivo, porém, sem colher resultados tão expressivos quanto a gente poderia colher. A capital baiana tem potencial para ser uma grande referência, não só nacional como internacional”, acrescentou Gustavo.
Operação – Para a implantação do Polo de Economia Criativa, a Prefeitura fará a locação do imóvel – que ainda será construído – junto ao parceiro privado que detém a posse do terreno. “Com essa locação, faremos a concessão do espaço para outro parceiro privado que vai ser o responsável por fazer a operação, manutenção e exploração do equipamento, sempre com o viés de desenvolver a cadeia da economia criativa”, explicou o diretor de Parceria Público-Privada da Sedur.
A previsão é que o edital de licitação de concessão do Polo de Economia Criativa seja lançado em janeiro de 2020 – o processo todo deve durar 90 dias. A expectativa é que o equipamento esteja em operação a partir do início do segundo semestre do próximo ano, entre junho e julho.
De acordo com proposições do projeto arquitetônico já elaborado, o lugar abrigará espaços temáticos como estúdios, ateliê de design, cozinha escola, CT de E-Sports, coworking, salas privativas, praça central, salas de exposição e ensaio, além de auditório e loja.
A estrutura terá cobertura inspirada numa rede sendo jogada ao mar, remetendo à atividade portuária da região, e será translúcida sem empatar a vista para a Baía de Todos-os-Santos. O nome Doca1 surgiu em referência ao equipamento funcionar no local da primeira doca do Brasil.