Por Valdo Cruz – G1
Comentarista de política e economia da GloboNews. Cobre os bastidores das duas áreas há 30 anos
Diante da soltura do ex-presidente Lula e sua busca de reorganizar a esquerda, centrando sua atuação na área social e no Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro será aconselhado por aliados a evitar perder energia demais na polarização com o ex-presidente petista e a melhorar sua relação com o Legislativo para aprovar medidas visando acelerar a retomada do crescimento econômico no próximo ano.
Afinal, se a economia não reagir mais fortemente em 2020, ano de eleição municipal, o ex-presidente Lula terá um terreno fértil para fazer seu discurso de que a direita não conseguiu tirar o país da crise, mesmo que ela tenha sido gerada pela ex-presidente Dilma Rousseff. E isso pode ser refletido na disputa eleitoral do ano que vem.
Na avaliação de interlocutores de Bolsonaro, principalmente da área militar, o presidente não precisa perder muita energia com Lula, porque uma radicalização do petista, já ensaiada nos últimos dias após sua saída da prisão, fortalece naturalmente o presidente da República e reaglutina seu eleitorado, num momento em que uma parcela dos que votaram nele começavam a se descolar do atual governo.
Então, a avaliação é que o melhor caminho é deixar Lula radicalizar, não entrar no seu jogo, mas cuidar do governo, principalmente da área econômica, para fazer o país decolar, e também dar uma atenção especial à área social, terreno em que o petista vai atuar para desgastar o atual presidente da República. O contraponto a Lula ficaria por conta do ministro da Justiça, Sergio Moro, e de seus aliados nas redes sociais.
Atenção à economia
Na linha de focar na economia, o governo Bolsonaro vai lançar nesta semana sequência das medidas para fazer o país voltar a crescer e gerar empregos. Depois de enviar ao Congresso as três Propostas de Emenda à Constituição do Pacto Federativo, o governo Bolsonaro vai anunciar nesta segunda-feira (11) o seu plano de geração de empregos para jovens entre 18 e 29 anos e pessoas acima de 55 anos. Em seguida, virá a reforma administrativa.
No caso do plano para geração de empregos, batizado de Programa Verde e Amarelo, a ideia é reduzir em 30% o custo da mão de obra para estes segmentos. A empresa terá os descontos nos dois primeiros anos de contrato trabalho, quando o patrão ficará isento de pagar a contribuição patronal previdenciária de 20%, o FGTS deve cair de 8% para 4% e a multa rescisória de 40% para 20%.
Haverá proibição de substituição de trabalhadores para pagar menos tributos. Ou seja, haverá um mecanismo para impedir que uma empresa demita um funcionário para contratar um novo com encargo menor.