Uma a cada 455 pessoas possuem doença falciforme em Salvador. Para chamar a atenção para a enfermidade hereditária que atinge, principalmente, pessoas negras, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promove a IX Semana de Mobilização da Doença Falciforme. A abertura do evento aconteceu na manhã da segunda-feira (21), com um seminário no campus da Faculdade Bahiana de Medicina, no Cabula. Profissionais, estudantes, residentes, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), pacientes e demais interessados na temática estiveram presentes na ocasião.
O tema central da abertura da semana foi a importância do autocuidado nos aspectos da saúde mental e bucal dos pacientes com a doença. Para a dentista Jamile Baltar, encontros como este têm um impacto positivo no sentido de proporcionar um olhar ampliado para o tema. “Como é uma doença prevalente em nossa comunidade, tenho pacientes com doença falciforme diariamente em meu consultório. Então, é necessária a participação em capacitações como esta, pois cada encontro acaba me aprimorando e me atualizando para o cuidado com os portadores da enfermidade”, pontuou.
Ao longo da semana, 31 unidades de saúde realizam atividades voltadas a alertar os usuários sobre os principais sinais da doença, como palestras, ações educativas, acolhimento e consultas, além de busca ativa de pacientes com a patologia. Segundo Marivone Monteiro, que é técnica do Campo Temático do Programa de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme, o diagnóstico e o tratamento pode ser feito ainda no início da vida, com o teste do pezinho e o acompanhamento médico.
“A gente alerta para o diagnóstico precoce com o teste do pezinho e consultas com um hematologista a partir de dois meses de idade. Se o paciente já passou da fase do teste do pezinho, é realizada a eletroforese de hemoglobina, que é o exame que identifica a doença falciforme”, disse Marivone. O resultado do teste fica pronto em aproximadamente 10 dias.
Mobilização e atendimento – A semana é realizada, desde 2011, pelo Programa de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme. A área técnica foi criada pela SMS para fortalecer as ações, proporcionar visibilidade e cuidados especiais, direcionados à importância do atendimento e do suporte aos usuários com a patologia crônica.
Salvador possui dois centros especializados no atendimento a pacientes com Doença Falciforme na rede pública municipal, os multicentros do Vale das Pedrinhas e da Carlos Gomes e unidades de atenção primária. Junto com os centros há, dedicado ao tratamento da doença, a oferta de medicação de maneira gratuita e a organização de dados e informações por intermédio de um censo, lançado pela Prefeitura em agosto deste ano.
Glóbulos – O nome “falciforme” tem origem na forma como os glóbulos vermelhos de pacientes portadores tomam, a de uma foice – a deformação faz com que os glóbulos também endureçam, dificultando a passagem do sangue pelos pequenos vasos e a oxigenação dos tecidos. Os sinais da doença podem ser o atraso no crescimento, tendência a infecções, dor forte provocada pelo bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos, dores articulares, fadiga intensa, além de problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais.