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Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil

Os aplicativos de transporte estão impactando o mercado de crédito para veículos. Os financiamentos para compra de carros, motos e caminhões cresceram 9,1% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2018. Segundo levantamento da B3, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), os financiamentos possibilitaram a compra de 2,87 milhões de unidades, sendo que 1,06 milhão são veículos novos – aumento de 9,7%. Os usados totalizaram 1,81 milhão de unidades, uma alta de 8,7%.

Entre os fatores que explicam o aumento das vendas está o mercado criado pelos aplicativos como Uber, 99 e Cabify. “Muita gente que fica desempregada enxerga no setor de transportes uma alternativa de renda e para isso precisa de um automóvel”, ressalta a coordenadora da graduação em Economia do Instituto de Ensino e Pesquisa, Juliana Inhasz.

Esse crescimento promovido pelos investimentos em automóveis, seja comprados ou alugados, para fazer o transporte de passageiro já vem sendo observado desde o ano passado, de acordo com o economista chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, Nicola Tingas. “Tem um impacto importante. Desde o ano passado isso é notório”.

Mercado ainda fraco
Tingas destaca que esse crescimento não significa um aquecimento do mercado de consumo, mas um investimento dos que pretendem trabalhar nesse sistema. “Para mim, esse tipo de financiamento indireto via Uber não é um consumo. Ele não comprou um carro para uso pessoal ou para lazer”.

Nesse sentido, de compras de veículos como ferramenta de trabalho, também vai o aumento das compras de caminhões, que representaram a maior expansão percentual no período. Nos primeiros seis meses de 2019 foram financiadas 128,8 mil unidades de veículos pesados, uma alta de 23,47% em relação ao primeiro semestre de 2018.

Juliana Inhasz disse que há uma recuperação do mercado após quatro anos recessivos devido a melhora da renda e das condições de crédito, com juros mais baixos. “Apesar da alta ser significativa, a gente está falando de uma base muito ruim. Parece uma bruta de uma alta, mas, na verdade, é uma recomposição, a gente está tentando recuperar um setor que tinha sofrido muito com a crise”.

Entre os fatores que indicam condições mais favoráveis na economia está, segundo a professora, a queda no desemprego. “Tem uma melhora do mercado, porque a taxa de desemprego tem caído, devagar, mas tem caído”.

Apesar das boas notícias, a economista acredita que há um longo caminho pela frente antes da indústria automobilística voltar ao mesmo patamar que teve antes da crise. “Pelo menos 6 anos de trabalho para voltar ao que era em 2012, 2013. Em um cenário otimista”, disse.

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