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O processo químico que transforma azeite de dendê em sabão está sendo compartilhado com baianas de acarajé de Salvador. A iniciativa é do Instituto de Ciências da Saude(ICS) da Universidade Federal da Bahia, que, com isso, quer contribui para evitar o descarte do azeite de dendê já utilizado no meio ambiente e ainda ajudar no orçamento dos profissionais que atuam nesta área, economizando nos gastos diários com sabão.

Denominado Baianambiental, o projeto tem coordenação da professora Ângela Rocha, do ICS, em parceria com o laboratório de Síntese Orgânica e Nanopartículas do Instituto de Química, coordenado pelo professor José Roque Mota Carvalho, e com a Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e Similares do Estado da Bahia (ABAM).

O professor José Roque Carvalho explica que o processo de reutilização do azeite para fazer sabão envolve uma fórmula simples e de baixo custo financeiro, composta apenas por soda cáustica, ou hidróxido de sódio (reagente), azeite de dendê filtrado (gordura ou ácidos graxos) e água. No processo de filtragem e decantação do azeite, são retiradas as impurezas para produzir um sabão de melhor qualidade. Os sabonetes produzidos podem também variar com a adição de diferentes corantes e aromatizantes como alecrim e baunilha.

Por determinação do Decreto Municipal 26.804/15, que regulariza a localização e o funcionamento do comércio informal da venda de acarajé, a Prefeitura de Salvador tem fiscalizado o descarte do azeite de dendê pelas baianas. Segundo a coordenadora da Associação das Baianas de Acarajé (Abam), Angelimar Trindade, são atualmente mais de 4 mil baianas associadas, e cada uma gera em média 5 litros de óleo por dia – o que, numa conta rápida, resulta em 20 mil litros descartados diariamente. Ela explica que existem alguns locais que recolhem esse material na cidade, mas o problema, para muitas baianas, é transportar o azeite que é gerado todos os dias. Existem algumas empresas que também recolhem o azeite de dendê utilizado, mas essas geralmente só têm interesse em grandes quantidades do produto.

“As baianas de acarajé vêm sofrendo pressão quanto ao descarte do azeite reciclado, após o preparo do acarajé. Daí a ideia de reciclar este material, fazendo sabão artesanal”, conta a professora Ângela Rocha. Ela observa que a baiana de acarajé é uma trabalhadora que muitas vezes está solitária e sobrecarregada, e acaba, por vezes, descartando o azeite em bueiros, despejando em vasilhames ou até mesmo na área da praia, provocando danos ambientais.

O projeto Baianambiental surge com o objetivo sensibilizar baianas e baianos de acarajé de Salvador sobre os sérios problemas ambientais causados pelo descarte indevido do azeite de dendê usado. Ao mesmo tempo, apresenta proposições para que essas/esses profissionais possam adequar-se ao decreto que regulamenta relação à gestão e gerenciamento do azeite da fritura do acarajé, com estímulo ao aproveitamento e reciclagem desse material para a produção de sabão artesanal.

A Abam selecionou 25 baianas para participar das atividades no laboratório 508 do Instituto de Química, que foram programadas para acontecer em cinco encontros, sempre às terças-feiras, com a participação de cinco baianas a cada dia. O projeto conta com a participação de estudantes bolsistas de Biotecnologia, Sociologia e Química e oferece ainda orientação jurídica e administrativa às baianas, que recebem informações, por exemplo, sobre como concorrer em editais públicos. O projeto Baianambiental foi contemplado pelo edital do Programa de Apoio ao Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA (ProCEAO), idealizado para estimular a pesquisa e a extensão ligadas às culturas africana e do Oriente.

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