Um projeto que deve ser finalizado na próxima semana consiste na mudança visual na orla do subúrbio ferroviário. Aliada a uma paisagem natural privilegiada, uma série de intervenções visa a requalificação e urbanização do trecho entre os bairros de Plataforma e Itacaranha.
Ciclovias compartilhadas e exclusivas, áreas de apoio para marisqueiras, pescadores e associações comunitárias, parque infantil, praças, estacionamento, pista de skate, academia ao ar livre, recantos de convivência, quadras poliesportivas e equipamentos de acessibilidade foram projetados.
A novidade de mais uma etapa das alterações pela orla da cidade será instalada em Plataforma: uma praia artificial com piscina de maré próxima à antiga fábrica de tecidos São Brás. Um mirante e fontes interativas integram a nova paisagem.
“A faixa de areia será ampliada e a piscina será formada pela água do mar quando a maré estiver cheia. A piscina já é cercada por uma contenção já existente e que será recuperada”, explicou a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield.
A instituição vinculada à Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) coordena o projeto que está sendo elaborado pela empresa A&P Arquitetura e Urbanismo.
Com previsão de execução em um ano, ainda não há data precisa para o início das intervenções nem o custo para a execução. “O orçamento deve ser concluído na próxima semana para depois ser incluído no orçamento da prefeitura e se iniciar o processo de licitação”, diz a presidente da FMLF.
O início
As obras devem começar pela rua Almeida Brandão, via que corta os bairros e é paralela à linha férrea. “A via terá mirantes e recantos de convivência para atender os moradores que costumam se reunir para conversar no final da tarde”, contou Tânia Scofield, da FMLF.
Na extensão de São João do Cabrito haverá uma ciclovia compartilhada nas vias internas que serão ligadas a uma ciclovia exclusiva ao lado da estação de trem. Estrutura de apoio aos pescadores, estacionamento e requalificação de fontes constam para Itacaranha.
Além da ciclovia, em Plataforma serão construídos novos acessos à rua Almeida Brandão, além de praça, estacionamento, pista de skate, academia ao ar livre, parque infantil, quadras poliesportivas e área de apoio às associações comunitárias.
Ainda segundo a presidente da FMLF, parte das ações foi sugerida por moradores. “Durante seis meses realizamos oficinas para conhecer as necessidades das comunidades”. Um dos exemplos é a área do Alvejado, que terá arborização, e a requalificação da fonte de água perto da estação Mocotó. “Um dos nossos pedidos foi a conservação das fontes e da vegetação nativa”, disse o diretor da Associação de Moradores de Plataforma (Ampla), Jorge Paiva.
Entidades comunitárias de Itacaranha e São João do Cabrito também participaram das discussões. “Além da reuniões, caminhamos pelo bairro para mostrar o que precisa ser feito para suprir as demandas”, disse a presidente da Associação Comunitária de Itacaranha, Aldeli da Silva Reis.
Potencial turístico
A expectativa dos moradores e comerciantes dos bairros envolvidos nas intervenções gira em torno da melhoria da qualidade de vida e do aproveitamento do potencial turístico da região.
Há 30 anos em Itacaranha, o comerciante Eufrásio Ferreira Santos, 59 anos, espera mais movimento em seu bar. “Fazendo a drenagem do esgoto, além das outras coisas do projeto, todo mundo vai ganhar. Essa região é linda e merece cuidado”.
Já o pescador Antônio Carlos Magalhães de Lima, 37 anos, acredita que os pontos de apoio vão facilitar a venda da mercadoria. “Hoje, não temos boa condição de trabalho. Precisamos de mais e melhores estruturas para guardar o material de trabalho, vender nossos produtos, além de equipamentos de pesca”.
Estimular o turismo é um dos efeitos da requalificação, para o diretor da Ampla, Jorge Paiva. “Tem muito morador de Salvador que não conhece essa área. A maioria dos turistas também não chega aqui. Com toda essa beleza natural, ainda é um lugar esquecido. A reforma deve mudar esse quadro” .
Com mais de 35 anos de profissão, a marisqueira Maria Jeane Nascimento Santos, 52 anos, também quer qualidade de vida. “Marisco em várias praias e vendo pela cidade. Com uma estrutura melhor aqui, os clientes vão chegar, facilitando a venda, e esse movimento vai influenciar até na segurança do bairro”, opina.
Em São João do Cabrito, o morador Jerry Santos, integrante da Sociedade 1º de Maio, também acredita no potencial da região. “Essa é uma área da cidade que pode crescer mais. A requalificação vai atrair investimentos e aumentar a autoestima do morador, que vai querer conservar seu bairro”. A entidade tem uma creche, biblioteca comunitária, grupo de educação de crianças, dentre outros projetos.
ATARDE