A merendeira Aline Alves Santos, acusada de matar a adolescente Ingrid Lima dos Santos, de 15 anos, em Salvador, foi condenada a 4 anos de prisão em regime aberto, nesta quinta-feira (4), durante júri popular. A decisão cabe recurso.
O julgamento foi realizado no Fórum Ruy Barbosa, no centro da capital baiana. A audiência começou por volta das 8h e foi encerrada às 18h, 10 horas depois. Familiares da vítima acompanharam a decisão.
Ingrid foi assassinada em 2016, por conta de uma dívida de R$ 15. À época, a acusada negou que tivesse cometido o crime por conta da dívida e afirmou ter agido em legítima defesa. A versão foi sustentada no tribunal.
Durante a audiência, o júri determinou 6 anos de prisão, mas, a juiza Gelzi Maria Almeida Souza, responsável pela sentença, tirou 2 anos da pena. Na decisão, ela afirma que levou em conta o fato da acusada ser ré primária e ter bons antecedentes.
Em entrevista ao G1, a mãe da vítima, Cristina Batista Lima, disse que não concorda com a sentença, mas não vai recorrer. “Recorrer para quê? Não tem justiça mais. Não tem justiça nesse país. Ela matou Ingrid e saiu de boa”, desabafou.
Testemunha do crime, a mãe de Ingrid foi a primeira pessoa a ser ouvida no julgamento. Agarrada a uma farda escolar da filha, Cristina estava muito abalada e contestou a versão dada pela acusada desde a época do crime.
“Não foi legítima defesa, ela puxou a faca e enfiou na minha filha. Eu vi. Eu vivo com uma ferida que vai abrindo, fechando, abrindo, fechando… É muito sofrido”, disse Cristina.
Depois de prestar depoimento, a mãe da vítima passou mal e precisou ser retirada do salão. Quando se recuperou, ela preferiu não voltar para assistir o júri e passou a aguardar a decisão do lado de fora.
“Se eu entrar ali de novo, eu morro. São dois anos e sete meses de sofrimento, de um vazio grande no meu peito. Depois disso, eu não sou mais a mesma. Não sou bem de saúde, assim como minhas duas outras filhas”, desabafou.
Além de Cristina, outras 9 testemunhas foram ouvidas. De acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foram 4 de acusação e 5 de defesa.
Aline Alves Santos de Sousa aguardou o julgamento em liberdade. Durante a sessão, ela estava escoltada por policiais militares. Após a decisão, Aline foi liberada. A instituição prisional onde ela deverá prestar contas e cumprir a pena ainda não foi definida.
Crime
O crime aconteceu na noite de 21 de fevereiro de 2016. Ingrid Lima dos Santos tinha 15 anos e foi golpeada com uma faca no peito. O caso ocorreu durante uma briga, na Rua João Ramos, em Jardim Cajazeiras, periferia da capital baiana.
Na época, as investigações da polícia apontaram que a adolescente teria sido morta por conta de uma dívida de R$ 15, após ter comprado um acessório para o celular com a acusada. O crime foi motivado porque Ingrid não teria pago a dívida.
Após golpear a vítima, Aline fugiu e só se apresentou à polícia oito dias depois do crime, quando passou o período de flagrante. Ela foi na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde prestou depoimento. Lá, a merendeira negou que tivesse assassinado a adolescente por conta da dívida e alegou ter agido em legítima defesa.
Também à época do crime, o irmão de Ingrid conversou com o G1 e relatou que, antes da agressão, Aline e a mãe da vítima, Cristina Batista Lima, teriam discutido porque Aline teria agredido Ingrid verbalmente. Durante a briga, Aline pegou uma faca e tentou golpear Cristina, mas Ingrid tomou a frente e acabou ferida no peito.
Fonte: G1-Bahia