O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (4), em entrevista ao G1 e à rádio CBN, que, se eleito, vai propor a redução do imposto de renda das empresas para tornar o ambiente econômico brasileiro mais atrativo para investidores estrangeiros. O tucano disse que se espelha na reforma tributária implementada nos Estados Unidos pelo governo Donald Trump que levou empresas norte-americanas a subir salários e criar vagas (veja vídeos com os trechos da entrevista mais abaixo).
O G1 e a CBN realizam a partir desta semana uma série de entrevistas com os candidatos à Presidência da República. Os candidatos serão entrevistados pelos jornalistas Cláudia Croitor e Renato Franzini, do G1, Milton Jung e Cássia Godoy, da CBN, e pelo comentarista Gerson Camarotti, do G1 e da CBN.
Na entrevista concedida no estúdio da rádio CBN, em São Paulo, Alckmin também afirmou que não vai fazer campanha com o colega de partido Aécio Neves (MG), que está deixando o Senado e tenta uma vaga de deputado na Câmara. Ex-presidente do PSDB, Aécio é réu na Lava Jato por corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Geraldo Alckmin repetiu na entrevista a promessa de campanha de zerar em dois anos o rombo de R$ 159 bilhões nas contas públicas. O presidenciável do PSDB disse que, caso vença a eleição, pretende tributar lucros e dividendos pagos pelas empresas para compensar a perda de receita que ocorrerá com sua promessa de diminuir o Imposto de Renda das pessoas jurídicas.
A tributação sobre lucros e dividendos foi extinta, em 1996, durante o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1995 e 2002. À época, o governo alegou que se tratava de bitributação, na medida em que as empresas já haviam pago o imposto sobre os mesmos resultados.
Na entrevista desta terça, Alckmin disse que, atualmente, há dinheiro de sobra no mundo que pode ser atraído para o Brasil, por exemplo, com estímulos fiscais.
Ele mencionou os Estados Unidos como exemplo de país que está conseguindo reduzir o desemprego com alteração nas regras tributárias. Para implementar as mudanças, ele prometeu apresentar ao Congresso propostas de reformas nas regras previdenciárias e tributárias nos primeiros seis meses de governo.
Em dezembro, Trump sancionou uma lei que mudou o sistema tributário dos EUA. O eixo central da proposta é a redução dos impostos cobrados das empresas. A redução da alíquota do imposto de renda para empresas e a cobrança de uma taxa única sobre lucros repatriados já beneficiou várias empresas norte-americanas.
“O que os Estados Unidos fizeram? Eles reduziram o imposto corporativo para as empresas irem para lá. E as empresas que estão lá reinvestiram. O que eu vou fazer? Vou reduzir o imposto de renda para pessoa jurídica e vou reduzir o CSLL [Contribuição sobre o lucro líquido] para dizer: ‘Olha, empresa, não vá para os Estados Unidos. Venha para o Brasil. Você que está aqui no Brasil, reinvista nos seus negócios'”, declarou o presidenciável do PSDB.
“O mundo, hoje, sobra dinheiro. O mundo está abarrotado de dinheiro. Os Estados Unidos estão com pleno emprego. Temos que trazer investimentos para o Brasil. Há demanda. Temos que fazer PPPs [Parcerias Público Privadas]. Trazer investimentos para cá”, complementou.
Ele admitiu na entrevista que, em um momento em que o governo federal tem um déficit de R$ 159 bilhões, iria perder receitas com a proposta de redução do imposto de renda das empresas.
Porém, na avaliação de Alckmin, seria possível compensar essa queda de receita com a tributação sobre lucros e dividendos. Segundo ele, a intenção é estimular as companhias a reinvestir no setor produtivo.
“O Brasil tem um ‘gap’. Pode crescer quatro, cinco por cento ao ano. Você segura a despesa corrente e abre espaço para investimento”, ponderou.
Para simplificar o sistema tributário, Alckmin voltou a defender a fusão de cinco tributos em apenas um, o IVA [Imposto de Valor Agregado]. Os cinco tributos que o candidato tucano quer transformar em um são: o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço (ICMS), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), PIS e Cofins.
Fonte: G1