O “Blocão” ou “Centrão”, grupo de partidos mais disputado durante a pré-campanha eleitoral devido ao tempo de TV que vai dispor, anunciará nesta quinta-feira (26) apoio a Geraldo Alckmin, postulante do PSDB a presidente da República.
O grupo é formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade e tem direito a 14 minutos e 47 segundos de TV por dia durante a campanha presidencial, conforme estimativas de analistas do banco BTG Pactual, que calcularam o tempo de cada partido na propaganda eleitoral.
Segundo os colunistas do G1 e da GloboNews Valdo Cruz e Gerson Camarotti, o “Blocão” chegou a negociar com o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes; parte do grupo negociou com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro; e uma outra ala foi procurada pelo PT.
Depois de semanas de negociações, integrantes do “Blocão” e Alckmin jantaram juntos nesta quarta (25) em Brasília, na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), para discutir a aliança. O tucano também obteve o apoio da Executiva do PTB, que terá de ser confirmado na convenção do partido.
Ao deixar o jantar, Alckmin afirmou não ter “pressa” para definir quem será o candidato a vice. Segundo o Blog do Camarotti, o empresário Josué Gomes (PR) rejeitou a vaga.
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Como fica o tempo de TV
De acordo com o levantamento do BTG Pactual, Alckmin terá direito a 5 minutos e 58 segundos de propaganda na TV por dia – ou a 1 minuto e 14 segundos por bloco, sem contar as inserções.
Mas, com o apoio do “Blocão” e do PTB, que já decidiu se aliar ao tucano, o ex-governador terá direito a 23 minutos e 37 segundos de propaganda por dia – ou a 4 minutos e 46 segundos por bloco, sem contar as inserções.
O G1 procurou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável por estabelecer os tempos de TV de cada partido e coligações, mas a Corte informou que só definirá os tempos na segunda quinzena de agosto. Isso porque o prazo para o registro das candidaturas acaba em 15 de agosto.
Segundo a Resolução 23.551, de 2017, um dos critérios será o tamanho das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados.
O que é o ‘Centrão’?
O “Blocão” tem origem no bloco informal conhecido como “Centrão”, articulado em 2015 pelo deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ) – ele está preso desde outubro de 2016.
À época, embora os deputados do grupo integrassem partidos aliados a Dilma Rousseff, os parlamentares costumavam votar contra o Palácio do Planalto seguindo as orientações de Cunha, especialmente em projetos conhecidos como “pautas-bomba”, para pressionar o governo a liberar cargos e emendas.
Oficialmente, o grupo foi lançado em 2016 e decidiu apoiar o governo do presidente Michel Temer.
Na ocasião, formavam o “Centrão” PP, PR, PSD, PTB, PROS, PSC, SD, PRB, PEN, PTN, PHS e PSL. Juntas, as bancadas somavam cerca de 200 deputados.
Na prática, a criação do “Centrão” possibilitou ao governo Temer aprovar, por exemplo, a emenda do teto de gastos públicos, a nova lei trabalhista e a reforma do ensino médio.
O grupo também foi fundamental para barrar as duas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente.
Em troca do apoio, porém, o bloco cobrou cada vez mais cargos no governo. Com a pressão, o presidente Michel Temer alterou o comando de pastas importantes, como o Ministério do Trabalho e das Cidades, além de acomodar os partidos em cargos em estatais, secretarias e autarquias.
Tempo na TV
Cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp), Hilton Cesário Fernandes avaliou ao G1 que a TV ainda é fundamental para a comunicação durante a eleição e, por isso, as alianças se justificam.
Para Fernandes, além de ajudar os candidatos a mostrar as propostas, o tempo na TV também influencia a percepção do eleitor sobre qual candidato é mais competitivo.
“Os candidatos perdem quando têm pouco tempo porque passam para o eleitor uma mensagem de que são pouco competitivos. Os eleitores percebem o tempo de TV como um grau de força do candidato, que conseguiu tempo com coligações e tem como agregar forças políticas”, diz o cientista político.
O professor argumenta, porém, que não é uma “regra universal” afirmar que o candidato com pouco tempo é totalmente prejudicado. Isso porque, nas eleições deste ano, também haverá influência das redes sociais.
“Pode ser que um candidato com boa presença em redes sociais, mesmo com pouco tempo [de TV], consiga ir para o segundo turno, período quando será dividido por igual o tempo de TV”, afirmou.
Para o coordenador do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Caldas, o sistema de TV ainda é muito útil, porém, o candidato deve saber se programar e usar bem o tempo disponível.
“O tempo de TV ajuda a consolidar candidaturas existentes. Mas não é a garantia que o candidato será visto. É um meio popular, mas muito caro. Por isso, tem que se elaborar um bom programa. É possível se sobressair, mas com um marketing bem elaborado”, apontou.
Na opinião de Caldas, uma peça que chame a atenção pode, inclusive, beneficiar candidatos com direito a somente alguns segundos de propaganda.