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O açougueiro Rafael Soares, de 28 anos, preso em flagrante nesta segunda-feira (19), após golpear a companheira com 17 facadas, dentro do Hospital Martagão Gesteira, em Salvador, onde a vítima acompanhava a filha de 11 meses internada com câncer, também é suspeito de ter estuprado a mulher, em fevereiro.

De acordo com informações do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Alana de Oliveira, de 24 anos, relatou ter sido vítima de violêcia sexual a funcionários da unidade médica, há um mês. Depois disso, segundo o órgão, o setor psicossocial da unidade acionou o MP, que orientou a vítima a prestar queixa na Delegacia da Mulher (Deam).

Alana compareceu à unidade policial, acompanhada de uma equipe do setor psicossocial do Martagão Gesteira, mas, conforme o MP, relatou à polícia apenas ter sofrido agressões físicas do companheiro.

“Ela falou no hopistal que tinha sido agredida e violentada sexualmente pelo marido dela, pelo pai do filho dela, depois do carnaval. Segundo relatos, ela chegou à unidade médica desesperada na ocasião. O setor psicossocial do hospital então entrou em contato conosco, e encaminhamos para a Deam. Mas, não sei por qual motivo, ela registrou apenas a violência física. Não falou da violência sexual à delegada”, disse ao G1 a promotora Márcia Teixeira, do Grupo de Atuação em Defesa das Mulheres e do Público LGBT (Gedem).

Segundo a Polícia Civil, a ocorrência foi registrada por Alana no dia 22 de fevereiro. Não houve, conforme o órgão, relato de violência sexual por parte dela. Na ocasião, a mulher falou apenas de agressão física.

Rafael teria a agredido por ciúmes e, segundo a polícia, porque ela queria terminar o relacionamento. Não houve a prisão do suspeito na ocasião, segundo a polícia, por falta de elementos que fundamentassem o pedido de prisão.

A polícia informou que, após a denúncia, ofereceu à mulher uma medida protetiva, mas Alana não aceitou, porque disse que precisava da companhia dele para cuidar da filha de 11 meses que está internada com câncer no Martagão Gesteira.

A polícia informou que, apesar de o episódio de abuso sexual não ter sido relatado pela vítima, o caso será apurado. Alana está internada no Hospital Geral do Estado (HGE). A jovem passou por uma cirurgia e, segundo a polícia, o estado de saúde é estável. A mulher não corre risco de morrer, já que nenhuma artéria ou órgão vital foi atingido.

“Quando ela estiver melhor, vamos ter que conversar com ela sobre essa questão, pra entender porque ela não relatou o suposto estupro à polícia, porque não compartilhou isso na delegacia. Depois que fomos acionados, orientamos inclusive que ela fizesse o exame de corpo de delito e oferecemos inclusiva para buscá-la para que desse prosseguimentos às denúncias. Não sabemos, no entanto por quais motivos não levou a situação ao conhecimento da autoridade policial”, disse a promotora do MP.

Ciúmes

Rafael Soares admitiu, após ser preso, que foi ao hospital com intenção de matar a mulher por ciúmes, porque desconfiou que ela estivesse o traindo. Ele foi apresentado pela polícia na tarde desta segunda-feira (19), e ainda destacou que não se arrepende do crime. “Eu fui pra matar, e a sorte é que ela está viva. Se ela está viva, ela dá graças a Deus. E não estou nem um pouco arrependido”, disse o homem à imprensa.

Ele foi levado para unidade policial logo após a tentativa de homicídio, que ocorreu na manhã desta segunda, dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Conforme a polícia, o homem entrou no local alegando que iria substituir a companheira, a dona de casa Alana de Oliveira, de 24 anos, para que ela pudesse ir para casa, enquanto ele ficaria com a filha de 11 meses, que está internada há 70 dias.

Logo após desferir as facadas em Alana, Rafael foi contido por seguranças do hospital e, após a chegada de uma equipe da Polícia Militar, foi conduzido para a Deam. Alana, segundo a polícia, convive com Rafael há nove anos e tem três filhos com ele. A faca usada no crime foi apreendida pela polícia.

Rafael Soares relatou no depoimento que já vinha há algum tempo desconfiando de uma suposta traição da mulher. “Ele disse que descobriu que ela estava traindo ele e que, por isso, foi hoje ao hospital premeditado, já com intenção de matá-la. Lá [no hospital], não houve nenhum tipo de discussão. Ele esperou a enfermeira sair da unidade, da UTI, e desferiu as facadas. Ele é claro no depoimento: diz que foi realmente com intenção de tirar a vida dela”, disse a delegada Aída Burgos.

Conforme a polícia, o suspeito, que tinha o costume de ir visitar a filha na unidade médica, relatou que levou a faca para o local dentro de uma mochila. “Ele pegou a faca na casa da mãe, na cozinha, sem que ela percebesse. A mãe não sabia de nada. Depois, colocou dentro da mochila e foi para o hospital premeditado a matar, motivado por ciúmes”, disse Aída.

O suspeito foi denunciado por tentativa de feminicídio e encaminhado para audiência de custódia. A polícia disse que já pediu à Justiça a conversão da prisão em flagrante dele em prisão preventiva, sem prazo para expirar.

Caso

Alana foi atacada pelo companheiro dentro do Hospital Martagão Gesteira, em Salvador, por volta das 6h50, segundo a unidade de saúde.

Também conhecido como Hospital da Criança, a unidade é uma instituição filantrópica que atende crianças e adolescentes de todo o estado, em diversas especialidades, como oncologia, neurocirurgia e cardiologia. Foi fundado no ano de 1965 e se tornou o primeiro hospital pediátrico do Norte-Nordeste.

Após ser agredida na unidade, Alana recebeu os primeiros socorros de uma equipe do Martagão Gesteira e, depois, foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado (HGE), com ferimentos graves.

Em entrevista à TV Bahia, a mãe de Rafael relatou que o filho saiu de casa dizendo que ia trabalhar, mas que desviou o caminho para ir até a unidade de saúde onde estava a vítima.

“Ele saiu para trabalhar e desviou do trabalho para poder ir para lá para o hospital, subiu para poder esfaquear ela, a mãe da filhinha dele que está no leito de um hospital. Só Deus é quem sabe a saúde da menina”, afirmou Maria Soares.

Fonte: G1-Bahia

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