Personagens inusitados não faltaram durante a apresentação de Pabllo Vittar, a drag queen mais escutada em todo o país. Nem mesmo 1,4 mil quilômetros separaram a transgênero Márcia Marci, 27, e o seu cachorrinho Coiote da sua ídola maranhense. Sem dinheiro, mas com muita boa vontade, ela saiu de Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, em direção a Salvador e utilizou a carona para viabilizar a viagem.
“Peguei duas caronas para chegar até aqui, mas não fiquei sem Pabllo. E a Coiote, que é trans igual a mim, me acompanha aonde eu vou. Já fomos ao show dela em Sampa, na última Parada Gay, e agora estamos aqui, tendo o prazer de acompanhá-la de pertinho. Para mim, Pabllo é uma bicha potente, que sabe trabalhar a força. Uma representação perfeita da feminilidade”, contou.
Já Guilherme Nascimento, 39, o Sebastian do Imbuí, fechou o show ao subir ao palco e dançar K.O ao lado de Pabllo. “Gente, olha a bunda dessa menina”, disse a cantora no meio da apresentação. Apaixonado pela drag queen, ele passa os dias ensaiando os passos de cada música de sucesso, e, nessa primeira noite do festival, veio todo fantasiado. Biquini, sainha, pircing, brincos grandes e batom fizeram parte do look. “A luz brilhou para mim e eu mostrei para o Brasil quem sou eu”, disse, emocionado, após dar o seu show no palco.
A apresentação de uma hora e meia arrancou gritos e choro de fãs mais íntimos. A maioria tira de Pabllo a inspiração para sentir orgulho da identidade de gênero e enfrentar as adversidades diárias. São fãs como o estudante Jonatas Andrade, de 18 anos, que se emocionou ao escutá-la de perto. Uma história de superação une os dois. “Quando eu tinha 16 anos, me atiraram suco por eu ser gay. No caso de Pabllo, foi um pouco pior, atiraram sopa. Pabllo é a representação da força gay, em uma performance impecável”, opinou.