“No dia da alta hospitalar da minha filha, quando o médico olhou para ela, eu senti que ele estava com vontade de chorar. Após um mês e quinze dias de internamento, não tinha como esconder a emoção ao ver Emily com os movimentos recuperados e a fala voltando a aparecer”. O depoimento é de Marileia dos Santos Ferreira, a diarista que se viu desesperada quando, devido a uma infecção cerebral, sua filha de 15 anos parou de se mexer e de se comunicar com a família. A jovem precisava, com urgência, fazer uma drenagem e foi, então, encaminhada para a recém-inaugurada Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neurológica do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS).
Assim como Emily, quase três centenas de pessoas com comprometimentos neurológicos tiveram a oportunidade de receber assistência especializada nos primeiros semestre de funcionamento da unidade. Até o mês de outubro, 270 pacientes foram atendidos pela equipe da UTI neurológica do HGRS. Desses, 243 receberam alta hospitalar, com 24 saindo diretamente para casa.
Entregue pelo governador Rui Costa em maio deste ano, o equipamento possui dez leitos de terapia intensiva, com atenção exclusiva para o pré e pós-cirúrgico, além de casos de hemorragia cerebral, por hipertensão ou por aneurisma, e de pacientes em coma. O espaço inclui posto de enfermagem, quarto de isolamento, vestiários, coordenação médica e de enfermagem e sala de entrevista.
Primeira unidade especializada deste tipo na rede pública da Bahia, a UTI Neurológica do HGRS foi projetada para tornar o hospital cada vez mais vocacionado nesse tipo de atendimento. O HGRS é referência em mais de dez especialidades e atende 80% da demanda neurológica da Bahia.
A estrutura da unidade, inclusive, também foi motivo de tranquilidade para Léa, que não esperava encontrar tanto conforto. “No primeiro momento, eu fiquei surpreendida. É tudo de primeiro mundo. Se eu já estava encantada com o local, o atendimento me fez admirar por completo o Hospital Roberto Santos. Não ficamos sozinhas nem por um minuto, os médicos e enfermeiros estavam sempre ao nosso lado. São verdadeiros anjos, que abraçam, mas também sabem ser sinceros. Fui bem informada sobre a real situação da minha filha desde o dia que ela chegou ao hospital. Até hoje, converso com os médicos. Tenho os telefones deles e trocamos mensagens, eles gostam quando mando fotos atuais de Emily”, conta ela.
Diretor-geral do HGRS, o anestesiologista José Admirço Lima Filho sente orgulho da contribuição que a UTI neurológica oferece para a sociedade: “são leitos dedicados aos pacientes que necessitam de um cuidado diferenciado. Nossos profissionais são especialistas de neurologia. Poucos hospitais têm a qualidade e a tecnologia que temos aqui hoje”.
O gestor festeja, ainda, os ganhos indiretos com o trabalho da equipe. “Nesses seis meses, foram fechados 17 protocolos de morte encefálica, com cinco doações de múltiplos órgãos. Infelizmente, tivemos sete pacientes com impeditivos clínicos para doação de órgãos. A tendência é que cresçam os números de captações vindas da UTI neurológica e, aí, teremos condições de salvar mais e mais vidas”, avalia José Admirço.
Comemoração
A comemoração dos seis meses de inauguração da UTI Neurológica do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) acontecerá no dia 14 de novembro, em cerimônia programada para às 13h, na própria unidade. Na ocasião, serão exibidos os indicadores, pesquisa de satisfação e cartilha informativa do usuário. Haverá, também, homenagem aos pacientes, lançamento do programa Acolher Pensamentos (voltado para o usuário e familiares) e apresentação musical dos enfermeiros Rodrigo Moura e Geysimara Santos.