Enquanto a Globo tem apostado forte no tom incisivo ao abordar as acusações de Joesley Batista contra o presidente Michel Temer (PMDB) e o senador afastado Aécio Neves (PSDB), a Record optou por uma cobertura jornalística mais voltada a denegrir o empresário, dono da JBS.
Em matéria de 14 minutos exibida no “Fala Brasil”, a emissora esmiuçou a vida pregressa dos irmãos Batista, intrinsecamente ligada aos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Temer.
“Você vai ver agora quem é Joesley Batista, o empresário que denunciou o presidente Temer em delação premiada e mergulhou o país numa crise política sem precedentes”, anunciou a âncora Roberta Piza. Carla Cecato, também apresentadora do telejornal, fala em “criminoso assumido” e “refugiou-se nos Estados Unidos sem qualquer punição”. No texto do repórter Afonso Mônaco, são listadas ações controversas de Joesley, como o fato de levar as operações da JBS para o exterior.
Os trâmites da delação, que resultaram na saída de Batista com a família para os Estados Unidos, são questionados – ele não será preso, nem usará qualquer dispositivo de monitoramento, como tornozeleira eletrônica. A reportagem também enfatiza o trabalho do perito Ricardo Caires, que apontou 50 pontos de corte no áudio gravado por Joesley durante uma conversa com Temer; trabalho este questionado em matérias da Globo. Até um psiquiatra chegou a ser ouvido para traçar o perfil psicológico de Batista.
A Record tem proximidade com o governo Michel Temer graças à presença de Marcos Pereira no Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Pereira é presidente licenciado do PRB, partido vinculado à Igreja Universal e, consequentemente, ao canal, onde ele já atuou como vice-presidente – de 2003 a 2009, no período do “a caminho da vice-liderança”. Marcos também foi citado na delação de Joesley e afirmou que as acusações de recebimento R$ 6 milhões em propina não são verdadeiras.
Em Tempo
Paulo Henrique Amorim, apresentador do “Domingo Espetacular”, da Record, também atacou Joesley Batista, vinculando-o à Globo. “Quando o Joesley deu pra Globo ou foi só a Fátima Bernardes que botou no bolso a grande Joesley?”. Como de praxe, Amorim relaciona as receitas publicitárias advindas da JBS à suposta “compra” de apoio do canal carioca.
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