Os sinais de melhora da economia brasileira, previstos para o segundo semestre deste ano, devem contribuir, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), para que o setor automotivo no estado apresente crescimento de até 12%, o que resultaria no aumento dos índices de produção, vendas e contratação de mão de obra por parte das montadoras.
O mercado internacional é outro fator importante, como afirma Luiz Mário Vieira, analista da superintendência e mestre em Economia. “Para chegarmos a esse entendimento, levamos em conta as vendas, que foram muito fracas no ano passado, e também o comportamento do mercado externo, que está favorável às exportações, a exemplo da questão cambial que, neste momento, é bem competitiva para os produtos brasileiros junto ao mercado internacional”, explica Vieira.
O início da recuperação está refletido ainda no aumento das exportações em 51,76%, saindo de US$ 89,8 milhões em 2016 para US$ 136,3 milhões em 2017, em valor total de vendas para o mercado internacional. Ainda de acordo com a SEI, o segmento também contabilizou 35 novos empregos de janeiro a março de 2017.
Empresas como a montadora Ford, instalada no Polo Industrial de Camaçari desde 2001, aproveitam a infraestrutura garantida na Bahia para superar os efeitos da crise em escala nacional. A posição geográfica do estado é uma vantagem competitiva para as organizações, como destaca o gerente de Recursos Humanos da Ford em Camaçari, Vinícius Marineli.
“Dentre todos os estados que eram potenciais para a instalação, a Bahia foi o que ofereceu as melhores condições, além do fato de Camaçari ocupar uma localização estratégica, geograficamente falando, entre o Nordeste e o Sudeste. Outro fator é que, desde a década de 70, Camaçari já possuía um complexo industrial. O porto próximo, a apenas 50 quilômetros de Salvador, nos favorece com vantagens competitivas na importação e exportação”, relata Marineli.
Instalado em Camaçari, o complexo da Ford tem capacidade de produzir até 220 mil itens por ano
(Foto: Alberto Coutinho/GOVBA)
Mão de obra local
Hoje, a planta da Ford em Camaçari é considerada uma das principais da multinacional no Brasil. O complexo possui a primeira fábrica própria de motores do Nordeste, com capacidade de produzir até 220 mil itens por ano. Os motores são produzidos para atender a fabricação do novo Ford Ka. O carro de entrada mais vendido do país em 2016, assim como o EcoSport, foi desenvolvido na Bahia desde a concepção até a homologação no Centro de Desenvolvimento de Produto (CDP), o único da América do Sul.
Na área industrial da Ford, funcionam 20 empresas fornecedoras de materiais, o que garante 7,7 mil empregados, quase a metade do número total de profissionais que atuam no Polo Industrial de Camaçari. Noventa por cento das pessoas que trabalham na planta da Ford na Bahia são mão de obra local e 60% ingressaram na empresa como o primeiro emprego.
Supervisor de manutenção e engenharia de processo industrial, Leandro Damasceno, 33 anos, teve a vida transformada com a vinda da multinacional para solo baiano. Ele é um dos funcionários mais antigos da Ford, com 15 anos de serviço. “Antes de entrar aqui, eu era apenas um jovem cheio de ambições. Na Ford, consegui crescer e me tornar um executivo, o que era um sonho. De operador, consegui virar inspetor de qualidade e auditor de qualidade. Hoje, sou supervisor de manutenção e engenharia de processo industrial. A empresa investe no funcionário e nos dá a oportunidade de evoluir”, ressalta Damasceno.
A Ford foi a pioneira do setor automotivo da Bahia. A vinda da empresa abriu a cadeia produtiva reforçada com a chegada de outras multinacionais, a exemplo das fabricantes de pneus Continental, Pirelli e Bridgestone.
“O Governo do Estado garante o apoio institucional para essas empresas. Além disso, elas encontram aqui um ambiente bem interessante, os recursos humanos são reconhecidos como muito bons. Foi feita uma revolução em termos de infraestrutura, transformando o que era o Polo de Camaçari. A região tinha dificuldades enormes no escoamento de produção até 2010, mas a duplicação do sistema BA-093 melhorou isso. As empresas reconhecem isso”, afirma o superintendente de Promoção de Investimentos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Paulo Guimarães.
Na Bahia, a Bridgestone ampliou a capacidade produtiva de oito mil para dez mil pneus por dia
(Foto: Alberto Coutinho/GOVBA)
Ampliação
A japonesa Bridgestone, maior fabricante mundial de pneus, vem crescendo em solo baiano há dez anos, com um efetivo de 847 empregados diretos e 430 indiretos. A empresa investiu recentemente R$ 262 milhões, ampliando a capacidade produtiva de oito mil para dez mil pneus por dia.
“Em uma década, produzimos em Camaçari mais de 23 milhões de pneus de altíssima qualidade para carros de passeio e caminhonetes. A mão de obra é muito boa e tem sido um grande diferencial. Aqui a capacitação é feita em três etapas: segurança do trabalho, qualidade do produto e técnicas de máquinas. Além disso, a reciclagem é contínua. A localização da fábrica é importante já que de Camaçari a logística é simples e econômica”, afirma o presidente da Bridgestone Brasil, Fábio Fossen.
A Bridgestone possui 49 fábricas de pneus distribuídas por todos os continentes. No Brasil, a fabricação de pneus está distribuída nas unidades de Santo André (SP) e de Camaçari (BA). A companhia possui também duas fábricas de bandas de rodagem e partes de borracha para reforma de pneus, instaladas em Campinas (SP) e Mafra (SC), empregando cerca de quatro mil pessoas.
Repórter: Leonardo Martins
SECOM