“A voz das ruas vai ser o elemento decisivo para essa nova gestão que começa no dia de hoje”. Assim sentenciou o prefeito ACM Neto, que tomou posse na tarde de hoje (01) para o segundo mandato como gestor da capital baiana ao lado do vice Bruno Reis e dos 43 vereadores da primeira capital do Brasil, no plenário lotado da Câmara Municipal. O discurso de posse teve citação a Jorge Amado e Jonh Lennon, um rápido balanço dos últimos quatro anos, tópicos de política e sobre a economia nacional e projeções para o novo mandato que se inicia.
“Não tive medo de tomar medidas duras, mas necessárias, para Salvador avançar nos últimos quatro anos. Essa mesma coragem vai continuar na segunda gestão. Quando tivermos que tomar medidas duras, vamos conversar abertamente com a população. Hoje, Salvador tem orgulho de ter as contas equilibradas e ajustadas, na contramão do Brasil. Esse é um patrimônio hoje de nossa cidade. Todos se lembram como estava Salvador há quatro anos, uma cidade que não podia nem contratar empréstimo ou firmar convênios porque estava inscrito nos municípios ficha suja”, discursou ACM Neto.
O prefeito frisou que a crise política e econômica que atinge o país também prejudica Salvador e que, por isso, será necessário criatividade e toda a experiência acumulada no primeiro mandato para que a capital continue crescendo e se desenvolvendo. Antes de falar do futuro, no entanto, ACM Neto voltou no tempo para recordar a sensação vivida quando tomou posse no primeiro mandato. “Lembro bem de ter sentido a enorme responsabilidade que pesava sobre meus ombros. Da expectativa dos quase três milhões de moradores que aguardavam ansiosamente grandes mudanças na cidade. Graças a Deus, hoje podemos olhar para traz e perceber essas mudanças, afirmar que elas realmente aconteceram, que são tangíveis”.
E o prefeito continuou: “Não foi só uma mudança na cidade, foi uma mudança na vida das pessoas. O orgulho de ser soteropolitano voltou a aparecer. As pessoas voltaram a falar bem de Salvador, moradores e visitantes. Mas nada disso acontece de uma hora para outra e nem por acaso”. Nessa volta à primeira gestão, ele se emocionou em vários momentos durante o discurso de posse. No primeiro, ao citar o apoio incondicional que recebe diariamente da família para dedicar a maior parte do tempo para administrar a cidade.
Ao “parceiro de todas as horas”, em referência ao vice-prefeito Bruno Reis, que começou a trajetória política e pública como assessor na Câmara de Vereadores antes de exercer a mesma função no gabinete do então deputado federal ACM Neto, o prefeito dedicou palavras de carinho e reconhecimento. “Bruno Reis conhece profundamente a cidade e estará ao meu lado todos os dias. Será um vice-prefeito com o protagonismo e relevância, da altura da primeira capital do Brasil”, frisou.
O prefeito lembrou que, assim como o avô Antonio Carlos Magalhães, teve a oportunidade de, a exemplo do próprio Bruno Reis, revelar como deputado federal e na Prefeitura talentos da nova geração para a política, citando ainda o vereador Léo Prates e o chefe de Gabinete da Prefeitura, João Roma. A outro jovem político, o vereador Paulo Câmara, atual presidente do Legislativo municipal, ACM Neto agradeceu ao apoio na defesa de projetos importantes para a cidade. Outro agradecimento especial foi feito aos servidores e colaboradores da Prefeitura.
Acertos e erros – O prefeito, reeleito em outubro com quase 74% dos votos válidos, afirmou que a sua gestão acertou mais do que errou, inclusive com o apoio dos vereadores, e isso se refletiu nas urnas. “Não somos super-heróis. Acertamos e erramos. Mas acertamos muito mais e, por isso, temos essa aprovação popular. E esses acertos dependeram muito da sensibilidade desta Casa. Prefeitos e vereadores estiveram juntos nessa travessia”.
ACM Neto disse que conseguiu realizar muito mais por Salvador do que esperava, e lembrou que, se nas eleições de 2012 a cidade acabou dividida, no pleito passado, com imenso apoio popular, houve uma convergência para um projeto que deu certo. “Enxergamos que há a cidade dos ricos e a dos pobres. Por isso, fizemos mais pelos pobres. Mais de 76% do que fizemos foi pelos mais pobres. E esses resultados nos animam a enfrentar os obstáculos do novo mandato. Um gestor não pode se acomodar com eventuais sucessos nem se imobilizar com fracassos ou dificuldades. Precisamos usar a criatividade e a experiência que adquirimos a nosso favor. Hoje é mais fácil encontrar soluções criativas para resolver problemas espinhosos porque temos a experiência do primeiro mandato”, ressaltou.
O prefeito disse que governar num momento de crise, mantendo os pés no chão e o foco na aplicação correta dos recursos públicos, é um grande desafio. Ele citou Jorge Amado para lembrar que o povo de Salvador é “artista de nascença, senhor da gentileza e capaz de superar as piores condições” para seguir adiante. Sobre esse prisma, ACM Neto fez uma reflexão sobre a situação política em Salvador com o cenário nacional de um passado recente.
“Recentemente, em nível nacional, vimos consequências lamentáveis de tentar maquiar as contas, de fazer compromissos impossíveis, de tentar esconder a real situação do pais, de mentir para as pessoas. Muitas vezes, as pessoas me pedem muitas coisas que sei que a Prefeitura não tem condições de realizar. Já me aconselharam desconversar, sair pela tangente. Quem haje assim pode até enganar por algum tempo, mas no final acaba sendo desmascarado. De inicio, as pessoas podem não gostar, mas depois acabam por compreender e ter apreço a quem diz a verdade. Por isso, quando me pedem algo que não dá para fazer, prefiro dizer logo que não, explicando os motivos. Isso é preservar um dos nosso mais importantes patrimônios: nossa palavra”.
Cenários distintos – ACM Neto fez questão de frisar que, apesar da crise atingir todo mundo, Salvador está hoje numa situação melhor do que o Brasil, algo que era o oposto quando ele tomou posse para o primeiro mandato, em 2013, quando o país respirava um ar artificial de estabilidade. Ele lembrou que a Prefeitura adotou medidas de austeridade na aplicação dos recursos públicos, fez o dever de casa, conseguiu andar com as próprias pernas e realizar, nesse final de ano, o maior Réveillon do Brasil com o apoio da iniciativa privada, enquanto outras cidades, mesmo aquelas que dependem economicamente do turismo, diminuíram os investimentos para celebrar a chegada de 2017.
Além disso, mesmo na crise, a prestação dos serviços públicos avançou em Salvador, e a Prefeitura realizou obras estruturantes com recursos próprios, como requalificação da orla, das praças e áreas de lazer, ampliou os investimentos na educação e na saúde e implantou programas sociais copiados nacionalmente, como o Morar Melhor e o Primeiro Passo. “Conhecemos a realidade das pessoas porque a cidade são as pessoas. Decidimos investir menos com a máquina e mais com a cidade”, disse ACM Neto, acrescentando que não se deixou levar pelas provocações e torcida dos contrários, “daqueles que se incomodaram com o fato de Salvador voltar a brilhar.
Para o segundo mandato, ACM Neto contou que está com o entusiasmo redobrado para enfrentar novos desafios. “Ajustamos a máquina municipal e vamos economizar R$100 milhões. Além disso, vamos buscar fontes alternativas de recursos”, afirmou, citando o financiamento da Caixa Econômica Federal para o BRT, cuja licitação será publicada este mês, e o Prodetur, que vai permitir a captação de US$105 milhões para investimentos em infraestrutura.
Diálogo e intimidação – Para que a cidade continue avançando, ACM Neto voltou a afirmar que está disposto a dialogar com todos, independentemente de partido ou ideologia. Ele frisou que o cidadão quer resultados práticos para resolver problemas do dia a dia, e por isso vai continuar nas ruas, e não no gabinete. O prefeito, ao citar John Lennon, disse que o sonho não acabou e não vai acabar. “O sonho é grande e ficou maior ainda. A conjuntura nacional não nos intimida e vamos continuar avançando. Não procuramos um mar de rosas quando assumimos. Estamos experimentados. Então estamos experientes para atravessar momentos ainda mais difíceis”.