O Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) deve chegar ao mês de dezembro de 2016 com um aumento de cerca de 30% no número de funcionários em relação a dezembro de 2014. Nesses dois anos, foram contratados mais 619 multiprofissionais (enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicólogos) pela diretoria da unidade, algo possível em razão da implementação de uma série de ações que visaram à ampliação da capacidade de atendimento para a capital e interior do estado. A mudança aconteceu sem impactar no orçamento, por meio da profissionalização da gestão e, consequentemente, da qualificação do gasto.
Considerado o maior hospital público do Norte e Nordeste, o HGRS – após a reestruturação iniciada em 2015 – abriu, ainda, 64 leitos de internação e terapia intensiva. A reforma, aliada à adoção de estratégias de redimensionamento da força de trabalho e retomada do Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) nas emergências adulto, pediátrica e obstétrica, resultou em uma queda de mais de 80% nos óbitos nessas áreas, além da redução no tempo médio de permanência do paciente em 22% nas unidades de terapias intensivas (UTIs) e 64% nos leitos de cuidados clínicos.
A Unidade de Acidente Vascular Cerebral (UAVC-HGRS), que, conforme dados do Ministério da Saúde, é uma das três mais produtivas do Brasil, foi responsável por, somente em 2016, realizar 113 trombólises (tratamento utilizado para dissolver coágulos nos vasos do cérebro em casos de AVC isquêmico). O índice representa um crescimento de 110% em relação a 2014.
Responsável pelo segundo maior volume de cirurgias biliodigestivas de alta complexidade do país no último ano, o serviço de cirurgia do Hospital Roberto Santos otimizou visivelmente o cronograma de procedimentos no bloco cirúrgico da instituição. Em relação ao ano de 2014, hoje, o HGRS faz 40% mais cirurgias, contando com ampliação de 50% na quantidade de salas cirúrgicas.
Todos os avanços conquistados desde o ano passado são, de acordo com o diretor-geral, Antonio Raimundo de Almeida, consequências de um trabalho baseado em planejamento estratégico. “Adotamos medidas duras que tinham como objetivo melhorar o atendimento do Roberto Santos. Conseguimos reduzir o tempo médio de internação de 32 para 11 dias e também aumentamos o faturamento do SUS [Sistema Único de Saúde] em quase 200%”, afirma.
Dentre todas as especificidades, o gestor da unidade faz questão de destacar o cenário atual da UAVC, que, na avaliação dele, significa evolução considerável do prognóstico dos pacientes: “o AVC é a principal causa de morte e incapacitação no mundo. Então, ao aumentarmos em mais de 100% a oferta do tratamento para o usuário da rede, evitando mortes e sequelas, há inegável impacto social, econômico e previdenciário”.
Ao tempo em que preza pela garantia de uma assistência pública, ampla e qualificada à população baiana, o Hospital Geral Roberto Santos se estrutura, cada vez mais, para solidificar um importante centro de ensino e pesquisa em suas dependências. No prédio anexo à instituição, cresce uma área inteiramente dedicada à formação de residentes e estagiários oriundos de conceituadas universidades de toda a Bahia.
“Recebi do secretário Fábio Vilas-Boas e do governador Rui Costa a missão de tornar o Roberto Santos uma referência em pesquisa, um hospital-escola para servir de modelo ao resto do Brasil. Tomei isso como projeto de vida e é uma de nossas prioridades”, conta Antonio Raimundo.
Nefrologista e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o atual diretor-geral já observa os resultados da dedicação de sua equipe: “publicamos pesquisas de ponta e temos projeto aprovado pelos Institutos Nacionais da Saúde [em inglês: National Institutes of Health, NIH] para a Zika. No estudo e tratamento do vírus associado à microcefalia, nos tornamos centro mundial de referência. Conseguimos criar, e ainda seguimos ampliando, um ambulatório com atendimento multiprofissional para os bebês e suas mães. Até o momento, acompanhamos 156 casos suspeitos de microcefalia. Somos o único hospital a realizar atendimentos domiciliares, com 84 famílias já visitadas. Estamos acompanhando também as crianças que nasceram de mães com Zika positiva e sem microcefalia, observando desenvolvimento e possíveis lesões neurológicas e oftalmológicas”.