O advogado Antônio Modesto da Silveira morreu hoje (22), aos 89 anos, no Rio de Janeiro. Considerado por juristas o advogado que mais defendeu presos políticos e familiares de desaparecidos e sequestrados pelo regime ditatorial brasileiro de 1964-1985, Modesto da Silveira foi eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), no Rio de Janeiro, em 1978, e foi um dos articuladores da Lei de Anistia, aprovada no ano seguinte. A causa da morte não foi comunicada pela família. O velório será realizado amanhã (23), a partir das 8h, na sede da OAB-RJ, Avenida Marechal Câmara, 150, 9º andar.
O presidente da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz, lamentou a morte de Modesto da Silveira, afirmando que foi um dos grandes defensores da democracia. “Foi advogado no período mais terrível da nossa história, defensor dos perseguidos políticos”, disse, em nota. “Pessoalmente, tenho muita gratidão, pois ele foi advogado da minha família durante a ditadura, do caso do desaparecimento do meu pai. Um homem que deixou como exemplo um modelo de advocacia para que possamos seguir”, disse Santa Cruz, que é filho do desaparecido político Fernando Santa Cruz.
No início da década de 1970, Modesto da Silveira tornou-se advogado voluntário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e defendeu dezenas de pessoas gratuitamente. Foi membro do Conselho Brasileiro da Defesa da Paz (Condepaz), do Conselho Mundial da Paz (CMP) e da Comissão de Ética Pública do governo federal, entre outras atividades ligadas à defesa dos direitos humanos.
Modesto da Silveira era filho de lavradores sem-terra do interior de Minas Gerais e chegou a trabalhar como operário de pedreira na infância. Concluiu a faculdade de Direito dois anos antes do golpe de Estado no Brasil. Chegou a ser sequestrado pelo Departamento de Ordem Pública – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI – CODI), assim como vários advogados como os ilustres Pinto, Heleno Fragoso, Evaristo de Moraes, Augusto Sussekind de Moraes Rego, entre outros.
O advogado nunca deixou de atuar nas causas sociais e participou ativamente pela instalação da Comissão da Verdade e pela a abertura dos arquivos da ditadura militar.