O líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura (PSC-SE), saiu em defesa do ministro da Secretaria de Governo, Gedel Vieira Lima. Após parlamentares da oposição protocolarem uma representação contra Geddel junto à Procuradoria Geral da República (PGR), Moura disse que a oposição está querendo fazer do episódio um cavalo de batalha.
“A oposição está se aproveitando de um assunto que é muito pequeno perto de outros assuntos de interesse do país para poder fazer disso um cavalo de batalha”, disse Moura. “O fato dele [Geddel] ter discutido com um colega dele, um colega ministro, eles tinham um relacionamento como disse Geddel, próximo. Não vejo nenhum motivo para se fazer esta tempestade toda”, emendou.
O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão do cargo na última sexta-feira (18), alegando razões pessoais. No fim de semana, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, afirmou que o ministro Geddel Vieira Lima o pressionou a intervir junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador, onde ele adquiriu um imóvel. O empreendimento não foi autorizado pelo instituto e por outros órgãos por ferir o gabarito da região, que fica em área tombada. Também em entrevista à Folha, Geddel admitiu ter conversado com Calero sobre a obra, mas negou tê-lo pressionado.
Diante da repercussão do assunto, parlamentares da oposição protocolaram um parecer na PGR em que acusam Geddel de cometer os crimes de concussão e de advocacia administrativa e pedem o afastamento cautelar do ministro.
Segundo o documento, a medida visa acautelar a lisura e imparcialidade das investigações, evitando embaraços à atividade dos “órgãos do sistema de justiça criminal”. “Foi pela prática de pressão, coação e por advogar em causa própria usando a administração pública para intereses privados”, disse o líder do PT, Afonso Florence (BA). “Há um fato grave de que o ministro Calero disse ao presidente Michel Temer que isto estava ocorrendo e ele deixou ocorrer essa situação”, acrescentou.
O governo disse que Geddel permanece no cargo. No final da tarde desta segunda-feira, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu abrir procedimento para apurar a conduta ética do ministro da Secretaria de Governo. Questionado por jornalistas se não é embaraçoso para o governo manter Geddel no cargo, Moura minimizou o fato e disse que, no seu entendimento, não vê nenhum problema. “O ministro Geddel sentou com um colega ministro do qual ele tinha um relacionamento cordial e levou as argumentações do entendimento dele, mas a partir do momento que o ministro Calero manteve a posição que é divergente do ministro Geddel, a posição dele foi respeitada”, disse.
A oposição disse que vai protocolar um pedido de convocação de Geddel. Questionado sobre o fato, Moura também negou que o governo vá patrocinar uma “blindagem” ao ministro. “Esse assunto não vai interferir em nada no andamento das matérias do governo aqui na Casa. Vamos continuar agindo da mesma maneira, seja nas comissões ou no plenário”, disse Moura.