As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte entre os brasileiros. Estima-se que a cada 40 segundos um brasileiro morre do coração, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Só nesse ano, já foram registrados pela entidade mais de 280 mil casos de morte por doenças desse segmento. A síndrome do Takotsubo – ou a síndrome do “coração partido” – é uma delas e caracterizada por uma desordem transitória no coração, causada por estresse intenso, sustos ou até mesmo alegria. Ela foi relatada pela primeira vez por médicos japoneses, no início dos anos 1990, e, no Brasil, o primeiro registro da doença foi em 2005.
De acordo com o Dr. André Wambier, cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, em Brasília, até 2% das pessoas afetadas pela doença podem chegar ao óbito. “Normalmente mulheres na pós-menopausa têm mais probabilidade de desenvolver a síndrome que se assemelha a um infarto, mas, diferente dele, as artérias estão sadias. No infarto uma artéria está fechada, na Takotsubo é excesso de adrenalina que mimetiza uma obstrução e dilata o coração”, explica. Algumas situações como festa de aniversário surpresa, falar em público e até uma notícia muito ruim podem gerar a complicação.
Segundo o médico, pacientes com os sintomas da síndrome devem ser internados imediatamente e precisam de repouso. “Dor no peito, falta de ar e alteração no eletrocardiograma e enzimas cardíacas após um estresse intenso podem sugerir a síndrome, porém, o mais importante é afastar as chances do infarto agudo do miocárdio, muito mais catastrófico. Se for Takotsubo há uma grande chance de que em poucos dias ou semanas de tratamento adequado, o coração volte ao normal e, dificilmente, o paciente terá a síndrome novamente”, destaca.
Alegria demais pode fazer mal
Um estudo suíço concluiu que dores no peito e falta de ar podem ser causadas também pela alegria. De acordo com pesquisadores do Hospital Universitário de Zurique, pelo menos um entre cada 20 casos da síndrome de Takotsubo, é causado por alegria em excesso. As conclusões foram divulgadas na publicação científica European Heart Journal. “Dor no peito nunca deve ser negligenciada e é importante manter os exames cardíacos em dia para evitar qualquer problema futuro”, completa o médico.