Depois de alguns casos de abuso de poder, a Guarda Municipal de Salvador protagonizou mais uma confusão. Dessa vez, envolvendo uma ambulante, que vendia bebidas na frente do Barra Hall, durante um show do grupo Alavontê, na noite desta sexta-feira (22). Os oficiais prestavam apoio em uma ação da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) para o combate do comércio irregular na capital baiana.
Apesar de ter a companhia de outros ambulantes, quem teve prejuízo e teve sua mercadoria destruída foi a vendedora Iraci Bastos, de 50 anos. Segundo testemunhas, que repudiaram a ação, os guardas chegaram ao local, liberaram três outros ambulantes e destruíram, de maneira agressiva, apenas os materiais que estavam com a vendedora.
“Foi um absurdo. Eles chegaram, abordaram os ambulantes, liberou alguns e invocaram com ela, talvez por ser mulher, não sei. Então, começaram a destruir tudo, quebrou isopor, começaram a jogar tudo em cima do carro, e a mulher se humilhando, pedindo para não levarem a mercadoria dela, que ela estava trabalhando. Foi horrível”, disse um jovem que estava no local.
O relato é parcialmente comprovado através de vídeos da ação que chegaram à reportagem doBocão News. Nas imagens, é possível ver Iraci segurando o carro da Guarda Municipal, tentando impedir que levassem as mercadorias. “Não vai levar. Eu tô trabalhando. Não vai. Eu pago licença. Eu pago aluguel, estou com minha filha grávida”, desabafa a ambulante.
Ainda de acordo com a testemunha, a agressividade dos guardas desagradou os presentes e os seguranças do Barra Hall, que tentaram ajudar a vendedora. “Depois que eles (guardas) viram que estava todo mundo criticando, eles se afastaram um pouco, foi quando os seguranças conseguiram alguns sacos plásticos e começaram a pegar do chão o que tinha restado. Nessa hora, os guardas arrancaram o carro e foram embora. Então, chamamos um Uber, pegamos as coisas dela (Iraci) e ela foi para casa”, detalhou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Guarda Municipal, que afirmou desconhecer qualquer conflito. “Nós não temos nenhum registro. Temos conhecimento só que teve uma operação rotineira, de responsabilidade da Semop, que realizou algumas apreensões, com apoio da Guarda, mas não tivemos nenhum registro de conflito”.
A versão foi confirmada pela assessoria da Semop, que também afirmou não ter conhecimento de excessos por parte dos agentes. “Recebemos vídeos do ocorrido e não mostra em nenhum momento mercadorias sendo destruídas. Não é orientação da secretaria. Se houve excessos, os agentes irão responder administrativamente. A orientação é somente recolher e não destruir”.
Questionado sobre a liberação de outros ambulantes, o órgão afirmou que comerciantes licenciados não são penalizados. “Com certeza, os que foram liberados tinham licença”. A Semop ainda ressaltou que existem ambulantes licenciados em determinadas regiões e que vão atuar em outros locais, podendo ter a mercadoria recolhida durante operação do órgão.
Por Tiago Di Araujo | Fotos: Reprodução
BOCÃO NEWS