É opinião unânime entre moradores, comerciantes e frequentadores assíduos do Rio Vermelho, bairro que concentra a nata da boemia soteropolitana: houve um grande salto no que diz respeito ao retorno de visitantes, aumento nas vendas do comércio formal ou informal por conta da requalificação feita pela Prefeitura. A orla do bairro foi totalmente reurbanizada com novas praças e áreas de lazer, passeios, iluminação em LED, paisagismo e equipamentos para a prática de esportes, a exemplo da ciclovia.
Para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Silvio Pessoa, o Rio Vermelho sofreu uma mudança radical e já conta com aumento considerável das vendas nos estabelecimentos comerciais. “Sou morador e, principalmente, comerciante do Rio Vermelho. Este é um bairro que sempre povoou o imaginário de baianos, brasileiros e estrangeiros, que carregava essa alcunha de boêmio, gastronômico, cultural, e agora possui ainda essa face diuturna, abarcando famílias, crianças e turistas durante todo o dia”, diz.
Ainda segundo o empresário – gaúcho de Vacaria, radicado há 30 anos na capital baiana -, as melhorias feitas pela Prefeitura incrementaram o então combalido comércio local e essa grande concentração de visitantes e moradores ao longo do dia produz efeito direto na questão da segurança do lugar, com a inibição da criminalidade, tornando o bairro ainda mais aprazível, fazendo com que os índices de visitação atinjam o crescimento desejado.
“O trade turístico espera um incremento ainda maior durante a realização das Olimpíadas, a exemplo do que presenciamos durante a Copa do Mundo de 2014. Hoje, tem mais pessoas nas ruas, mais crianças andando de skate e bicicleta, esportistas, andantes porque os passeios são melhores. Durante as obras, houve alguns entraves, mas sabemos que isso faz parte do processo, e hoje percebemos um incremento em torno de 20% a 30% na frequência de bares, hotéis e restaurantes daqui”, afirma.
Pulsante – As melhorias introduzidas pela Prefeitura são sentidas de maneira mais evidente também por quem vive o bairro de uma forma mais natural e dele retira o seu sustento, como é o caso do presidente da Colônia de Pescadores do Rio Vermelho, Marcos Souza, mais conhecido como Branco. “Antes do projeto de requalificação, o Rio Vermelho estava completamente degradado. Por conta disso, perdeu suas características, o charme, o desejo que emanava para os turistas em visitá-lo. Hoje, temos um bairro que pulsa 24 horas, não fecha nunca”, salienta.
A fase ruim foi sentida por moradores, comerciantes e também pelos tradicionais pescadores do bairro. “Hoje, podemos dizer sem medo que recuperamos nossa cidadania, nosso orgulho em dizer que moramos no Rio Vermelho e dele extraímos nosso sustento. E os turistas que recepcionamos diariamente são somente elogios à nova cara do lugar, do qual já gostavam antes, mas com muitas queixas por conta da degradação em que se encontrava o bairro, que agora está preparado para receber turistas e baianos da melhor forma possível”, afirma Branco.
Comércio – De acordo com o gerente do tradicional restaurante Caminho de Casa, Valmir Dias Chaves, aos poucos o bairro retoma sua glória adormecida, oferecendo novas alternativas para visitantes e moradores. “Atualmente, existe uma grande melhora no bairro. Eu vejo as pessoas falando tanto do aspecto do visual como da economia. Essa reforma está trazendo benefício não só para o local de forma estrutural, mas também para os comerciantes locais”.
Essa visão é compartilhada por empreendedores de diversos segmentos, como diz Renato Diniz, 71 anos, proprietário de uma banca de revista no Largo de Santana. “Essa reforma foi muito positiva e sem dúvidas o bairro melhorou muito. O fluxo de pessoas que convivem aqui e transitam em busca de algum lazer nessa região cresceu. Esse aumento no movimento melhorou também a demanda no meu tipo de comércio, pois, apesar da crise econômica no país, depois que a obra foi inaugurada o movimento foi recuperado. Acredito que o movimento deve melhorar ainda mais. Tivemos um aumento de 25% a 30% nas vendas após a inauguração das obras no local”, destaca.
Associação – A expectativa positiva dos comerciantes e a satisfação dos moradores são monitoradas de perto por entidades e associações que militam em defesa do bairro. É o caso da Associação dos Permissionários da Vila Caramuru, presidida por Mércio Alves de Jesus, há cerca de sete anos trabalhando no comércio da região. “Acompanhamos diversas demandas do bairro e posso dizer que muitos dos anseios dos moradores foram atendidos. Hoje, falando do Rio Vermelho como um todo, o que se nota é que os moradores estão utilizando efetivamente um espaço público que não era utilizado, era ocioso e mal ocupado. No Largo da Mariquita, por exemplo, você só via a área desocupada, com mendicância, tráfico e até prostituição. Hoje o cenário é outro, com crianças e idosos compartilhando o espaço”.
Moradores destacam a requalificação de espaços como o Mercado do Peixe e novos equipamentos culturais, como a Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai, na famosa Rua Alagoinhas. Os dois espaços ajudam a tornar o bairro ainda mais atraente e efervescente. “Também temos novas praças e uma Prefeitura-Bairro. Portanto, não há do que se queixar. É preciso, por conta disso, apoiar quem teve a coragem de chegar e fazer o bem, não aqueles que, ao longo de duas décadas, nada fizeram pelo nosso bairro”, relata Lauro Mata, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Rio Vermelho (Amarv).