Portadores de lúpus poderão vir a ter direito à gratuidade no transporte coletivo urbano em Salvador. A ideia é defendida pelo vereador Geraldo Júnior (SD), autor do Projeto de Indicação nº 451/16, dirigido ao prefeito ACM Neto, apresentado na Câmara Municipal.
Mais presente em mulheres em idade reprodutiva, entre 20 e 40 anos, estima-se que uma a cada 1.700 brasileiras manifeste a doença. Na capital baiana são cerca de 1.200 casos registrados, com maior frequência em pessoas mestiças e afrodescendentes.
“Diante de todos os aspectos que circundam essa realidade social, entendemos ser de suma importância tal projeto de lei, para que pacientes acometidos de lúpus em quadro grave e baixa renda familiar sejam beneficiários da gratuidade no sistema de transporte”, frisa o autor.
Segundo Geraldo Júnior, faz parte do tratamento um cuidado especial com a alimentação e qualidade de vida, sendo necessário evitar situações de estresse e contato com luz solar. O objetivo principal do tratamento é controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
A doença
O lúpus é uma doença inflamatória crônica, de caráter autoimune e rara, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos do corpo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Embora a causa ainda não seja conhecida, existem comprovações de que fatores genéticos, hormonais e ambientais influenciam seu desenvolvimento.
Os sintomas podem aparecer de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e remissão. São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas e daí o nome lúpus eritematoso), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar; e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.
Por ser uma doença do sistema imunológico, que é responsável pela produção de anticorpos e organização dos mecanismos de inflamação em todos os órgãos, o paciente pode apresentar diferentes tipos de sintomas em vários locais do corpo. As múltiplas formas de manifestação da patologia podem confundir ou retardar o diagnóstico, ocasionando, em muitos casos, o agravamento da doença.
O lúpus pode ser considerado uma doença grave, especialmente se houver lesão renal e/ou cerebral, podendo levar o paciente a óbito. Já existem tratamentos à base de antibióticos modernos que protegem contra infecções, possibilitando uma maior sobrevida a esses pacientes, não havendo, contudo, cura definitiva.