Depois de 147 anos de existência, a Santa Casa de Oliveira dos Campinhos, distrito de Santo Amaro, município do Recôncavo baiano, pode anunciar nesta semana o encerramento de suas atividades no próximo dia 30. A situação é muito grave: defasagem da tabela de repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), perseguição do gestor municipal, resistência dos gestores do SUS para renovarem o contrato da unidade, e dívidas no valor de R$ 1 milhão. Se nada for feito para mudar o quadro, e tirar a Santa Casa da “UTI”, o fechamento será inevitável.
Com o fechamento, mensalmente mais de duas mil pessoas, de cerca de 20 municípios correm o risco de não serem mais atendidas pela unidade hospitalar, que oferece atendimento 100% SUS. A Santa Casa possuía contrato com o estado até meados de maio, apesar de o município ser de gestão plena desde fevereiro desse ano, já que a prefeitura de Santo Amaro alegou não ter recursos para contratualizá-la. O Ministério da Saúde sinaliza favoravelmente, estado admite renovar o contrato, mas a resistência do município impede, inviabilizando a continuidade da prestação de serviços à população.
Durante a semana, a Santa Casa aderiu, juntamente com outros hospitais filantrópicos, à campanha SOS Saúde da Bahia contra o subfinanciamento do SUS, na tentativa de chamar a atenção das autoridades para a grave situação que está enfrentando. As entidades pedem ajuda para que os valores repassados pelo SUS cubram o custo dos procedimentos realizados, além de regularidade no repasse.
Nos últimos 10 anos, 48 Santas Casas fecharam suas portas na Bahia, sendo que 42% das internações do SUS ainda continuam sendo feitas por essas instituições.
SOS Saúde da Bahia – O Hospital Martagão Gesteira e as Santas Casas de Oliveira dos Campinhos, Valença, Nazaré, Cruz das Almas, Itabuna, Feira de Santana, Poções, Vitória da Conquista, Campo Formoso, além do Instituto IBR e da Federação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas do Estado da Bahia (FESFBA), participam de uma campanha nas redes sociais com um pedido de ajuda para que os valores repassados pelo SUS cubram o custo dos procedimentos realizados, assegurando à população o direito à saúde pública e de qualidade. Eles representam uma amostra significativa dos 64 hospitais filantrópicos do estado, que também vivenciam a crise.