A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria Geral da União CGU), realizam na manhã desta sexta-feira (22) uma operação em Salvador, São Francisco do Conde e em Candeias. Intitulada de Copérnico, a operação investiga um esquema criminoso de desvio de verbas públicas destinadas à saúde, fraudes à licitação, corrupção e lavagem de dinheiro. Cerca de 140 Policiais Federais cumprem 24 mandados de busca e apreensão, um mandado de prisão preventiva e sete mandados de condução coercitiva nos municípios de Salvador, Candeias e São Francisco do Conde, todos na Bahia.
Segundo as primeiras informações obtidas pela reportagem do Bocão News, em São Francisco do Conde policiais estiveram nas sedes das secretarias da Cidade, Saúde, no gabinete da prefeitura e no Hospital Célia Almeida Lima.
Conforme apurado durante as investigações, o esquema ilícito funcionava através da criação de empresas e entidades sem fins lucrativos em nome de “laranjas”, com as quais eram firmados contratos de gerenciamento integral de hospitais, Unidades de Pronto Atendimento – UPAs e centros de saúde. Via de regra eram identificadas três irregularidades principais: a fraude às licitações, que eram forjadas; a falta de fiscalização, por parte do município, em relação à efetiva prestação do serviço; e a realização de pagamentos com base apenas na declaração emitida pela própria entidade.
Analisadas as licitações e prestações de contas de dois dos municípios envolvidos, a CGU detectou mais de 70 milhões de reais pagos pelas prefeituras sem documentação que comprove a realização dos serviços de saúde.
Já na movimentação bancária da principal entidade investigada, entre 2012 e 2015, identificou-se que as cinco principais beneficiárias de transferências foram empresas pertencentes à própria organização criminosa e o escritório de advocacia cujo sócio constava como procurador de um dos municípios.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional da 1ª Região e têm por objetivo localizar e apreender provas das fraudes e do superfaturamento nas contratações públicas, bem como fazer cessar ameaças que vinham sendo feitas a testemunhas.
O nome da operação é uma referência à teoria heliocêntrica, desenvolvida pelo cientista de mesmo nome no século XVI, em contraposição ao geocentrismo. É que no início das investigações, gravitava em torno do esquema criminoso um empresário que, àquela altura, supunha-se de menor importância, mas que, com o desenrolar dos trabalhos, revelou-se ser o verdadeiro centro da organização, em torno do qual todo o esquema criminoso girava.
Bocão News