Dentre os tumores malignos que afetam os homens, cerca de 5% ocorrem nos testículos. Embora mais raro que outros tipos de câncer, o de testículo costuma afetar pessoas jovens, entre 20 e 35 anos de idade, que estão no auge da idade fértil. Por isso, além da preocupação com a doença, a preservação da fertilidade é outra questão importante, já que, aproximadamente dois terços dos pacientes submetidos a tratamentos de câncer de testículo passam a apresentar azoospermia, isto é, ausência completa de espermatozoides.
De acordo com 0 professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais, especialista em reprodução assistida da Clínica Origen, Selmo Geber, a capacidade de ter filhos pode ser mantida se o homem, ao receber o diagnóstico, recorrer ao congelamento de espermatozoides, procedimento simples em pacientes diagnosticados precocemente. Entretanto, em apenas metade dos casos os pacientes são informados sobre essa possibilidade, de acordo com pesquisa realizada em dois grandes centros de oncologia. E dentre aqueles que foram orientados a realizar a criopreservação antes de iniciar o tratamento do tumor, só 24% realmente o fazem.
“Muitos tratamentos contra o câncer de testículo não requerem início imediato. Além disso, quando detectado inicialmente, a chance de cura ultrapassa 90%. Portanto, o congelamento de espermatozoides deveria ser indicado em qualquer caso, pois se trata de uma forma de manter vivo o sonho da paternidade”, explica o médico.
Como identificar e tratar a doença
O sintoma mais comum do câncer de testículo é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor, aproximadamente do tamanho de uma ervilha. O tratamento inicial é sempre cirúrgico e, no caso de positividade para câncer, é realizada a retirada do testículo, o que nada afeta a função sexual ou reprodutiva do paciente, desde que o outro testículo não tenha sido também afetado.
Porém, caso os dois testículos desenvolvam o câncer, as chances de o paciente manter suas funções reprodutivas, utilizando apenas tratamentos tradicionais, são bastante baixas. Mas existem técnicas capazes de retirar espermatozoides do tecido escrotal e criopreservá-los, para que seja possível utilizar o material em uma futura fertilização in vitro.
Assim é possível, segundo Geber, preservar a fertilidade mesmo em caso de amputação dos dois testículos. “houve um caso em que conseguimos coletar apenas sete espermatozoides de um paciente com azoospermia decorrente de câncer em ambos os testículos. Mesmo com poucos gametas, conseguimos realizar uma FIV bem-sucedida, que possibilitou ao paciente ser pai”, conta.
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