A Prefeitura investiu, ao longo de 2015, R$11 milhões no estímulo à cultura em Salvador através da Fundação Gregório de Mattos (FGM). Para o próximo ano, mesmo com a crise financeira nacional, a estimativa é que os investimentos através da fundação, que cuida dos equipamentos culturais da cidade e organiza eventos no setor, inclusive dentro do projeto Pelourinho Dia e Noite, supere a casa dos R$18 milhões.
Segundo o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, o órgão voltou a se destacar como gestor de políticas culturais. “Tivemos duas grandes conquistas nestes três anos de gestão. Quando cheguei aqui encontrei uma equipe competente, porém desmotivada. Hoje os colaboradores acreditam e abraçam as ideias. A outra questão é que a fundação voltou a ser reconhecida como grande gestor cultural, ela voltou a cumprir o seu o seu papel. A qualidade dos projetos aumentou muito, os artistas voltaram a se interessar e temos uma política bem definida. É um grande avanço”, pontuou.
Atualmente a fundação gerencia ações e promoções de fomento através de iniciativas como o projeto Boca de Brasa, que desde o seu relançamento em 2013 já realizou 20 edições em bairros como Garcia, Cabula e Calabar. Só este ano o público para as dez edições realizadas foi de 20 mil espectadores, superando a marca registrada em 2014, quando atingiu 14 mil. O programa tem como o padrinho o cantor Saulo Fernandes e já recebeu artistas como Magary Lord, Ju Morais e o grupo de reggae Adão Negro.
Os editais municipais de cultura, como o Arte em Toda Parte, já se mostram um sucesso. Em 2015 o edital recebeu 900 inscrições com 47 projetos aprovados. Foram disponibilizados R$3,6 milhões em recursos de manutenção e execução das ações. São beneficiados através deste edital projetos ligados a artes visuais, teatro, música, dança, audiovisual, culturas populares e identitárias, circo e fotografia. Já o Arte Todo Dia, na sua primeira edição, financiou 28 propostas de pequeno porte com valor máximo de R$20 mil. As ações passaram por 43 bairros alcançando um público superior a 13 mil pessoas.
Literatura – Também houve um incentivo no campo da literatura. Lançado no ano passado, o Selo Literário João Ubaldo Ribeiro visa o fortalecimento da literatura através da promoção de novas obras e autores no mercado, além da publicação de livros consagrados que estão fora de comercialização. “A cultura é movida por abandonos e resgates. Hoje temos a constatação do quanto os soteropolitanos estão ligados a literatura através da poesia. Este gênero tem ganhado muita força nas periferias através dos jovens, que tem sentido a necessidade de expressar a sua voz através desta arte. Eles estão saindo das redes sociais e indo para um combate direto.”, explicou Fernando Guerreiro.
Um dos grandes polos de Salvador ligados ao gênero lírico é o bairro de Sussuarana. Os coletivos Sarau da Onça e Grupo Ágape, por exemplo, são formados por jovens poetas e escritores que se reúnem para declamar e fazer poesia. Recentemente eles participaram do evento internacional Emergências, promovido pelo Ministério da Cultura, no Rio de Janeiro, que teve como temas centrais cultura, ativismo e política.
Equipamentos – O recém-inaugurado Teatro Gregório de Mattos é um dos espaços que se destaca no cenário cultural de Salvador. Reaberto em junho, já promoveu mais de 47 eventos com um número superior a 50 sessões. Tudo isso atraiu para o espaço uma média de mais de 6,5 mil pessoas. Neste palco já passaram artistas como o ator, roteirista e diretor soteropolitano João Miguel, que possui 11 anos de carreira e coleciona mais de 31 filmes lançados. Outra zona cultural já consolidada é o Espaço Cultural da Barroquinha. Desde sua reabertura em maio do ano passado já promoveu mais de 65 eventos, como a gravação do DVD do grupo Mametto.