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presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (12), em coletiva após o encontro com Kim Jong-un, que a Coreia do Norte “já está destruindo seus principais centros de testes nucleares”, mas que as sanções serão mantidas por enquanto.

Durante este 1º encontro dos dois líderes, em Singapura, foi assinado um documento com o compromisso da Coreia do Norte com a desnuclearização completa da península coreana. O engajamento com o fim da produção de armas nucleares era uma condição imposta pelos EUA para a realização da histórica cúpula.

Esse compromisso já consta na Declaração de Panmunjon, assinada após o encontro de líderes das duas Coreias, em abril. No entanto, os acordos não estabelecem metas ou detalhes de como serão colocados em prática para que o abandono da produção seja feita de forma completa, irreversível e verificável, como pedem os Estados Unidos.

Em 2017 e no início de 2018, o Conselho de Segurança da ONU impôs sanções econômicas contra a Coreia do Norte, visando setores como do ferro, carvão, pesca, têxtil, do petróleo e derivados. As medidas restritivas, amplamente defendidas por Washington, foram aprovadas com o objetivo de pressionar Pyongyang a reduzir seus programas nuclear e armamentista.

Nesta terça, Trump afirmou que vai pressionar a Coreia do Norte a abandonar a produção de armas nucleares o mais rápido que puder, mas reconheceu que esse processo pode levar um tempo. Por isso, as sanções serão removidas “quando tivermos certeza de que as armas nucleares não são mais um fator [de risco]”. “Eu realmente estou ansioso para retirá-las [as sanções]”, garantiu.

‘Jogos de guerra’
O presidente americano anunciou a suspensão dos “jogos de guerra” na península coreana, aparentemente fazendo referência aos exercícios militares feitos pelos EUA em conjunto com a Coreia do Sul, de acordo com a CNN. A Coreia do Norte considera as manobras militares uma provocação.

Até o momento, as forças de segurança dos EUA na Coreia do Sul não receberam uma orientação formal para a suspensão dos exercícios militares conjuntos, de acordo com Reuters, citando um comunicado tenente-Coronel Jennifer Lovett.

Trump disse que espera eventualmente retirar as forças dos EUA da Coreia do Sul, mas disse que essa medida não está sendo discutida no momento. “Eu quero retirar os nossos soldados. Quero trazer nossos soldados de volta para casa. Mas isso não faz parte da equação agora. Espero que isso eventualmente aconteça.”

Na avaliação do chefe de estado americano, as negociações com Kim foram “francas, diretas e produtivas”.

O presidente americano afirmou que Kim aceitou o seu convite para visitar a Casa Branca e que ele pretende visitar Pyongyang “em um certo momento”.

Direitos humanos
Trump afirmou que abordou a questão dos direitos humanos durante o encontro. “Nós discutimos e discutiremos mais no futuro.”

Em especial o caso do estudante americano Otto Warmbier, que morreu após ter ficado preso na Coreia do Norte. “Foi uma coisa terrível, brutal. Otto foi alguém que não morreu em vão”, afirmou.

Encontro
O documento assinado por Trump e Kim possui quatro pontos:

EUA e Coreia do Norte se comprometem a estabelecer relações de acordo com o desejo de seus povos pela paz e prosperidade;
Os dois países irão unir seus esforços para construir um regime de paz estável e duradouro na península coreana;
Reafirmando a Declaração de Panmunjon, de 27 de abril de 2018, a Coreia do Norte se compromete a trabalhar em direção à completa desnuclearização da península coreana;
Os EUA e a Coreia do Norte se comprometem a recuperar os restos mortais de prisioneiros de guerra, incluindo a imediata repatriação daqueles já identificados.

Encontro inédito
Pela primeira vez na história, líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se encontraram pessoalmente para tentar chegar a um consenso sobre o desmonte do programa nuclear e balístico da fechada ditadura comunista.

Os dois tiveram um primeiro encontro privado e depois promoveram uma reunião ao lado de seus assessores. Em seguida, participaram de um almoço ao lado de suas respectivas comitivas.

Após este evento, os dois líderes caminharam juntos e Trump, em uma breve declaração a jornalistas, disse que o encontro estava sendo “melhor do que qualquer um poderia esperar”. Em seguida, ele mostrou sua limusine ao norte-coreano e manteve o que pareceu ser uma conversa bastante amistosa durante alguns minutos, antes de os dois se separarem e seguirem em direções opostas. Eles se reencontraram depois na sala onde assinaram a declaração.

O local do encontro foi o luxuoso hotel Capella, na ilha de Sentosa, famosa por suas praias turísticas e seus campos de golfe espetaculares. Singapura designou partes de sua região central como uma “zona especial”, onde os procedimentos de segurança estão mais rigorosos. O espaço aéreo sobre a rica cidade-Estado está temporariamente restrito durante partes dos dias 11, 12 e 13 de junho.

Quando se sentou ao lado de Kim pela primeira vez, Trump disse ter esperança de que a cúpula seria “tremendamente bem-sucedida”. “Teremos um ótimo relacionamento pela frente”, acrescentou. O ditador norte-coreano disse em seguida que havia enfrentado uma série de “obstáculos” para o encontro. “Nós superamos todos eles e estamos aqui hoje”, disse a repórteres, por meio de um tradutor.

A reunião teve como tema o fim do programa de armas nucleares e balísticas da Coreia do Norte, cujas ambições têm sido uma fonte de tensão há décadas. Além do encontro de Trump e Kim, estavam previstas diversas reuniões entre representantes dos dois países ao longo de cinco dias.

Os EUA, temendo o desenvolvimento de mísseis nucleares que poderiam atingir o país, pedem a desnuclearização “completa, verificável e irreversível” da Coreia do Norte. Como resultado, a Coreia do Norte pode comprometer-se a apresentar um relatório sobre o atual arsenal e permitir uma verificação internacional completa.

De sua parte, Kim Jong-un parece tentar salvar a economia norte-coreana que vem sofrendo o impacto das sanções impostas pelos EUA e pela ONU. Ele disse que deseja “avançar para uma desnuclearização da península coreana”, mas por meio de um processo “passo a passo”, com garantias de segurança e incentivos diplomáticos e econômicos.

Antes do diálogo, provocações
O inédito encontro entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte ocorre, paradoxalmente, poucos meses depois do acirramento das tensões entre os dois países.

Somente em 2017, primeiro ano de Trump na Casa Branca, os norte-coreanos lançaram 23 mísseis. Em um deles, em novembro, a Coreia do Norte anunciou ter testado um projétil capaz de alcançar “todo o território dos Estados Unidos”, segundo a emissora de TV estatal KCTV.

Em resposta, Trump anunciou sanções contra 56 empresas da Coreia do Norte, que, segundo ele, significavam “as mais importantes” já impostas a Pyongyang.

Trump também usou o Twitter para rebater as ações e os discursos de Kim Jong-un. Após o ditador da Coreia do Norte dizer que tem sempre à mesa um botão nuclear, o presidente dos Estados Unidos rebateu: “Eu também tenho um botão nuclear, mas é um muito maior e mais poderoso que o dele. E o meu botão funciona!”

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