Facebook
Twitter
Google+
Follow by Email

Agência Brasil

Cerca de 5 milhões brasileiros estão sofrendo com os efeitos prolongados da Covid-19 e milhares de trabalhadores e trabalhadoras com dificuldades para cumprir suas tarefas não sabem que isso é resultado das sequelas da doença.

A estimativa sobre o total de sequelados é de estudo da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (ESPSP). Não existem dados oficiais sobre o número de trabalhadores que ainda sentem os efeitos da Covid-19, muito menos informações sobre os seus direitos.

“Não existe um número consolidado dos que sofrem com as sequelas da Covid no Brasil. Considerando as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito da incidência de Covid longa entre os curados, as sequelas persistentes de Covid-19, que envolve uma lista de mais de 200 sintomas, podem estar atingindo a vida de 2,8 milhões a 5,6 milhões de pessoas no Brasil, grupo que representa 10% a 20% de infectados que se curaram”, disse à publicação a médica sanitarista Karina Calife, coordenadora do Instituto Walter Lesser ( IWL-ESPSP), que tem consultório no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).

O presidente do Conselho Estadual de Saúde e diretor executivo da CUT Nacional, Cláudio Augustin, é uma das vítimas da doença. Após passar 9 meses no hospital entre a vida e a morte, hoje convive com sequelas há mais de um ano. Ele acusou o governo do estado do Rio Grande do Sul, onde vive, de conduzir o setor da saúde “como se nada estivesse acontecendo”.

Augustin relatou que estudos de várias instituições nacionais e internacionais apontam que 70% das pessoas infectadas pelo coronavírus apresentam alguma sequela e 20% apresentam sequelas graves.

“Ocorre que de 30% a 50% dos recuperados apresentam sequelas. Se tivemos dois milhões de infectados no Rio Grande do Sul, cerca de 700 mil apresentam danos. A maioria dessas pessoas não conta com qualquer tipo de assistências”, denunciou Augustin, salientando que o governo ignorou sugestões feitas pelos Conselhos na adoção de medidas de prevenção, de atendimento à saúde e instituição de protocolos.

Seu depoimento foi dado em maio passado durante uma audiência pública que deu início à cruzada a ser realizada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para verificar a situação dos gaúchos que convivem com as sequelas de infecções causadas pelo novo coronavírus.

>> Leia mais: Audiência pública no RS defende mais investimentos para atender vítimas da Covid-19

O desemparo aos sequelados da doença piora a partir do momento em que o atual governo federal dificulta a relação de nexo da casualidade entre a Covid e o trabalho efetuado, ou seja, que o trabalhador pegou a doença em seu local de trabalho, por isso que a CUT Nacional em conjunto com o Escritório de Advocacia LBS, que atende a entidade, produziu a cartilha “Promoção e Proteção da Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Sequelas da Covid-19 e a Garantia de Direitos”.

Segundo o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, foram concedidos 162.820 benefícios referentes aos afastamentos nos anos de 2020 e 2021 por Covid-19. Estes números refletem apenas os trabalhadores formais de carteira assinada e que tiveram à emissão de Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), sendo por isso subnotificado.

“Por isso, é importante que ele saiba quais os seus direitos e como os sindicatos podem ajudá-lo neste momento”, diz a secretária da Saúde do Trabalhador da CUT Nacional, Madalena Margarida da Silva.

Segundo ela, a cartilha é uma importante ferramenta que os sindicatos devem utilizar para orientar os trabalhadores que procuram seus direitos relacionados à doença.

Outro problema apontado pelos profissionais de saúde é a falta orientação do Ministério da Saúde para que os serviços possam identificar os quadros de covid longa ou de efeitos tardios da doença.

“É preciso fortalecer o SUS, garantir que ele tenha condições de atender as necessidades de atenção à saúde das pessoas com sequelas da Covid-19 de possibilitando que elas possam retomar sua vida pessoal e laboral plenamente”, avalia Madalena.

Para a médica Maria Maeno, pesquisadora em saúde do trabalhador da Fundacentro e do Grupo de Saúde e Trabalho do IWL-ESPSP, seria fundamental uma ação coordenada do Sistema Único de Saúde (SUS), com injeção de recursos humanos e materiais desde a atenção primária até os centros de reabilitação, e houvesse planos de recuperação e reabilitação.

“Milhares de trabalhadores podem estar com dificuldades na sua atividade de trabalho sem saber que pode ser sequela da covid”, lamenta a médica

Sintomas das sequelas da Covid

Caso o trabalhador tenha um desses sintomas deve procurar a rede de atendimento da saúde para avaliação e tratamento da doença.

Os sintomas mais comuns são:

– fadiga, cansaço;

– falta de ar ou dificuldade para respirar; tosse, coriza, dor de garganta, presença de muco no nariz e/ou garganta;

– fibrose nos pulmões ou rins;

– perda de paladar e olfato;

– dores de cabeça, dor pelo corpo;

– dor e/ou fraqueza muscular;

– dor nas articulações;

– dificuldades de linguagem, raciocínio, concentração e memória;

– distúrbio do sono (insônia), olhos vermelhos;

– alteração da pressão arterial, dor no peito, taquicardia e tonturas;

– depressão e ansiedade;

– falta de apetite;

– perda de mobilidade;

– diarreia e;

– mancha vermelha na pele

Quarta onda da Covid?

O Brasil registrou 316 mortes e 76.638 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Assim, em todo o país, a média móvel de óbitos calculada em sete dias ficou em 208. É a primeira vez desde 1º de maio que esse índice ultrapassa a média de 200 mortes. Em um mês, a média de óbitos registrou aumento de 69%.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

You may also like