O acolhimento de pessoas LGBT+ acima dos 70 anos em instituições de longa permanência foi tema de um seminário realizado na tarde da segunda-feira (9) pela Prefeitura, por meio do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno. O evento foi realizado no Abrigo Salvador, em Campinas de Brotas. O evento ocorreu neste mês em que se comemora o Dia Nacional do Idoso, o Dia Internacional da Terceira Idade e os 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa (1º de outubro).
O diretor do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno e responsável pela coordenação do evento, Marcelo Cerqueira, explicou que o seminário nasceu a partir da observação e do questionamento sobre onde estão os LGBT+ da terceira idade em Salvador e como envelhecem essas pessoas. “Nós, como parte da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), queremos lançar esse olhar de carinho para identificar essas pessoas e estar presente na vida delas. Temos uma jornada pela frente, no sentido de incidir sobre as leis de proteção de idosos, que são excelentes, mas ainda não contemplam a questão do gênero e da orientação sexual do idoso”, contou.
O gestor ressaltou ainda que a intenção é dar continuidade às ações, fazendo sessões na Assembleia Legislativa e na Câmara para levar a discussão até chegar ao Estatuto do Idoso. “A Prefeitura está preocupada com essa população de Salvador e está buscando encontrá-la, reconhecê-la e lutar pelos seus direitos”.
Na ocasião, o professor Luiz Mott, titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e fundador do Grupo Gay da Bahia, apresentou informações sobre o aumento da população idosa no Brasil e a situação dos LGBTs idosos que vivem escondidos e com problemas, sobretudo travestis e mulheres trans, voltando a se vestir e a se comportar como homens por terem sofrido discriminação em algum abrigo.
“É muito importante ampliar o número de abrigos, de acolhimento e de Casas de Acolhimento de Idosos LGBT e trabalhar para que elas tenham sempre a presença de lideranças Gays, Travestis, Bissexuais e Lésbicas para instruir sobre como tratar essas pessoas”, declarou.
Formação – O Abrigo Salvador é uma instituição privada sem fins lucrativos que, atualmente, atende 110 idosos com idade a partir de 60 anos, lúcidos e sem distinção de sexo ou identidade de gênero. Primeira vice-presidente da instituição, Andreia Guedes conta que tem se preocupado com o envelhecimento da população LGBT+ e, por isso, tem se mobilizado para oferecer um ambiente mais acolhedor para essas pessoas.
“Enviamos a documentação necessária para receber o selo LGBT+ e estamos implantando tudo aquilo que foi proposto para o recebimento do reconhecimento. No banheiro, já colocamos placas informando: ‘Aqui se respeita a identidade de gênero’, e esperamos que em breve possamos receber o selo. Esse evento veio para somar e, ao mesmo tempo, preparar a nossa equipe profissional sobre a abordagem do tema com os idosos”, afirmou.
Além de Marcelo Cerqueira, Luiz Mott e Andreia Guedes, participaram do evento Roqueline Santos, coordenadora das Instituições Não Asilar do Conselho Estadual da Pessoa Idosa e idealizadora da cartilha LGBT+ Idoso; Lúcia Mascarenhas, coordenadora das Instituições de Longa Permanência (ILPIs) pelo Conselho Estadual da Pessoa Idosa; além de representantes do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e do Conselho Municipal do Idoso (CMI).