Após dez anos, Salvador voltará a receber a maior regata transatlântica do mundo no mar da Baía de Todos os Santos. Trata-se da 13ª Transat Jacques Vabre, competição que terá largada no dia 5 de novembro, em Le Havre, na França, e cruzará os mares – do Hemisfério Norte ao Sul – para aportar na capital baiana entre os dias 12 e 24 de novembro.
A escolha de Salvador como destino para a realização desse evento esportivo só foi possível graças à mobilização da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), em parceria com a Secretaria de Cultura da Bahia, o Yacht Clube da Bahia e a Socicam Náutica e Turismo, empresa que administra o Terminal Turístico Náutico da Bahia.
Esta será a quinta vez que a capital baiana vai receber a competição. A Transat Jacques Vabre já foi recepcionada aqui em 2001, 2003, 2005 e 2007. Salvador é a cidade brasileira que mais foi porto de chegada desta travessia, seguida pela cidade de Itajaí, em Santa Catarina, que recebeu a competição por duas vezes.
“Esse é um reflexo da decisão acertada do prefeito ACM Neto ainda no seu primeiro mandato, quando criou o Comitê de Economia Náutica de Salvador por meio de decreto municipal, em dezembro de 2016. A consequência é essa reinserção da cidade no calendário internacional, que é muito importante para a projeção da cidade”, opinou Cláudio Tinoco, titular da Secult.
Como patrocinadora da competição, a Prefeitura vai montar e operar a Vila da Regata, que estará localizada próxima à rampa do Mercado Modelo, no Cais da Baiana, entre os dias 12 e 24 de novembro. A estrutura servirá para recepcionar os skippers, as delegações, jornalistas e o público que poderá fazer visitação ao espaço para acompanhar e interagir com os participantes do evento.
O secretário Cláudio Tinoco ressaltou a importância do intercâmbio esportivo para a cidade. “Nós teremos as embarcações mais modernas, com alta tecnologia, que poderá servir de referência para quem entende e empreende e para quem tem perspectivas de conhecer essa experiência. Também proporcionaremos o encontro desses veleiros com estudantes de escolas públicas da cidade”, afirma.
Economia – Além do caráter esportivo e cultural, o evento também trará impactos positivos para a economia, pois apenas com a equipe da Transat Jacques Vabre haverá mais de 750 diárias em hotéis de Salvador, além das diárias de familiares e demais personalidades. “Isso representa uma movimentação de mais de 60 mil dólares apenas com hospedagem, além da série de serviços que será impactada. Ou seja, o evento mais do que se paga”, acrescentou Tinoco.
O diretor geral da Transat Jacques Vabre, Gildas Gautier, agradeceu pelo empenho da administração pública e da iniciativa privada para receber o evento em Salvador e prometeu a realização de uma verdadeira fórmula 1 dos mares. “Vocês verão os maiores barcos de vela oceânica do mundo. Para mim, pessoalmente, parece óbvio que um dos maiores eventos da vela mundial chegue numa das mais prestigiosas baías, que é a Baía de Todos os Santos”.
A regata – Ao todo, 41 barcos com apenas dois velejadores a bordo participarão da competição, que também é chamada de rota do café, graças à importância das duas cidades (Salvador e Le Havre) para a produção e escoamento do café. Ao todo, há quatro classes de veeliros: Class40, Multi50, IMOCA e Ultime, com embarcações com 40, 50, 60 e até 100 pés, respectivamente.
O baiano Leonardo Chicourel é um dos skippers escritos e vai competir com o barco “Mussulo 40 Team Angola Cables”, na categoria Class 40. O trajeto até Salvador tem 4.350 milhas náuticas, o equivalente a 8.056 quilômetros.
Vela em Salvador – Segundo o Comodoro do Yacht Clube da Bahia, Marcelo Sacramento, a vela baiana está hoje no ápice. A escola de vela do clube já ganhou dois campeonatos mundiais na classe Snipe, um masculino, em 2015, e outro feminino, em 2016. Já no final de 2016, ganhou pela primeira vez a final de campeonato brasileiro de vela jovem, que sempre foi vencido por velejadores do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Recentemente, o Yacht Clube também conseguiu um investimento histórico das loterias esportivas para a preparação de atletas de alto rendimento para as Olimpíadas. “Nós somos o primeiro clube de vela do Norte e Nordeste do Brasil a conseguir essa verba. Estamos preparando uma atleta para disputar a classe 470, com grande probabilidade de colocarmos na Olimpíada, e se isso ocorrer, essa será a primeira vez que uma baiana vai disputar a vela na competição”, disse Sacramento.
Ainda segundo o Comodoro, o número de atletas tem crescido em Salvador. Antes cerca de 20 atletas eram preparados para o esporte na escola, e agora aproximadamente 80 velejadores jovens estão sendo formados todo ano. “Com esse potencial que temos da Baía de Todos os Santos, fomentar a prática de esportes náuticos significa gerar renda e emprego para a capital, atraindo cada vez mais eventos como esse”, contou.