Com o aumento significativo da procura por atendimentos nas UPAs e elevação da taxa de ocupação dos leitos de UTI, a Prefeitura e o Governo do Estado vão adotar medidas restritivas conjuntas para frear o avanço da pandemia do novo coronavírus. As ações envolvem o fechamento de todas as atividades comerciais consideradas não essenciais a partir das 18h desta sexta-feira (26) até 5h da próxima segunda (1º).
Os detalhes foram apresentados na quinta (25) pelo prefeito Bruno Reis e pelo governador Rui Costa, em coletiva virtual à imprensa. O presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Eures Ribeiro, também marcou presença na transmissão. Conforme o decreto que será publicado pelo governo estadual, no final de semana só estarão autorizados a funcionar estabelecimentos que prestam serviços relacionados à saúde pública (a exemplo de farmácias) e que comercializam alimentos (mercados e padarias).
Bruno Reis destacou que a decisão de determinar o fechamento das atividades não essenciais é fruto de diálogo entre estado, município e segmentos comerciais. “Ontem (24), liguei para o governador após conversa com todos os prefeitos da Região Metropolitana. Tive essa iniciativa para mostrar a gravidade do momento que estamos enfrentando. Aqui em Salvador, os números de ocupação das UPAs, nas últimas 24h, superam o dobro do pico da primeira onda. Foram regulados 66 pacientes e há mais 67 aguardando vacância para serem transferidos”, afirmou.
Funcionamento – A suspensão das atividades não essenciais ocorrerá de forma escalonada para facilitar o escoamento dos trabalhadores e evitar superlotação no transporte público. Sendo assim, o comércio de rua fechará uma hora mais cedo: às 17h. Às 18h, será a vez dos bares e restaurantes interromperem o funcionamento. Já os shoppings e centros comerciais deverão encerrar as operações às 20h.
Além disso, nenhuma atividade coletiva de esporte poderá ser realizada. Neste final de semana, também estará proibida a comercialização de bebidas alcoólicas em qualquer estabelecimento da cidade, incluindo os mercados. As medidas serão monitoradas por policiais militares, civis, guardas municipais e agentes de fiscalização.
Esforço – O prefeito e o governador esclareceram que a restrição faz parte de mais uma ação para tentar conter o avanço da Covid-19, diante do atual cenário epidemiológico na capital baiana e em toda a Bahia. Apesar dos esforços para ampliar a quantidade de vagas para tratamento de infectados com a doença, o sistema de saúde baiano, tanto rede pública quanto particular, tem sido pressionado em função do volume de pacientes que necessitam de internação em leitos hospitalares.
No auge da primeira onda, comparou Bruno Reis, Salvador chegou a contabilizar 64 pacientes regulados ou a regular. “Também conversei com a classe empresarial, como representantes da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio) e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) para explicar a gravidade da pandemia na cidade e eles entenderam a necessidade de avançarmos nas medidas de isolamento social”, completou o prefeito de Salvador.
O governador Rui Costa assegurou que, caso os números da Covid-19 continuem piorando, existe a possiblidade de o estado decretar a suspensão total do comércio (o chamado lockdown) ou ampliar ainda mais as medidas de isolamento social. “Isso vai depender do quadro de demanda nas UPAs e hospitais. É preciso conter a contaminação. Não tem como abrir leitos na mesma medida em que a quantidade de contaminados cresce”, enfatizou.
Ele deu exemplo de potências mundiais como a Alemanha, que mesmo tendo o maior número de leitos de UTI proporcional à população, decretou o lockdown.
Vacinação – O prefeito reforçou que a campanha de vacinação contra a Covid-19 não será afetada com a restrição das atividades não essenciais na cidade. A imunização foi retomada nesta quinta (25), após a chegada ontem (24) de quase 30 mil doses de Oxford, tendo como público-alvo idosos acima de 80 anos e profissionais de saúde.
“Estamos na expectativa da chegada de mais doses. Temos protocolos assinados com Pfizer, Oxford e Sinovac. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e aprovação do projeto de lei que tramita no Senado, que permite que estados e municípios comprem vacinas, podemos adquirir mais doses e facilitar essa relação de aquisição”, destacou Bruno Reis.