Primeira capital do Brasil, Salvador, que completa 470 anos nesta sexta-feira (29), se renova sem abrir mão do passado, reforçando a vocação turística. Roteiros interessantes, que unem o tradicional e o moderno, podem ser experimentados no Centro Histórico, em sintonia com as obras de requalificação e revitalização que o Governo da Bahia tem feito na área, por meio do projeto Pelas Ruas do Centro Antigo de Salvador.
Nessa área, que abriga monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), novos investimentos valorizam ainda mais o legado arquitetônico, que recua até o Brasil Colônia. Empreendimentos modernos misturam-se a edificações centenárias e vias e calçadas são reestruturadas em nome do conforto e da acessibilidade.
Hotéis
Quem visita hoje o Centro Histórico pelo seu principal portão, a Praça Castro Alves, vislumbra de imediato uma dessas novidades de estética retrô. Na lateral direita ergue-se a fachada imponente do Hotel Fasano, inaugurado no final de 2018 no antigo prédio do jornal A Tarde. O projeto do arquiteto Isay Weinfeld mantém o estilo art déco original do imóvel, tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), mas traz conceito contemporâneo. O hotel, obra importante no processo de revitalização do centro, abriga ainda o restaurante Fasano e terraço com bela vista para a Baía de Todos-os-Santos.
Na entrada da Rua Chile, outro empreendimento hoteleiro construído em imóvel histórico virou referência internacional, desde a inauguração, em 2017. Com projeto do arquiteto dinamarquês Adam Kurdahl e também em art déco, o Fera Palace preserva a fachada e o charme original do Palace Hotel, que marcou a região em meados do século 20. A arquitetura triangular foi herdada do nova-iorquino Flatiron Building.
Na cobertura fica o Fera Lounge, com vista privilegiada para a Baía de Todos-os-Santos e ao lado da famosa piscina de borda infinita. O hotel tem sido citado em veículos de mídia estrangeiros que indicam Salvador como destino imperdível.
A Rua Chile, fundada em 1594 por Tomé de Souza, por si só é um atrativo turístico único. Na primeira metade do século 20, destacou-se como importante centro de compras e lazer, abrigando estabelecimentos comerciais que marcaram época. Com a requalificação feita pelo Governo do Estado, a via ganha pavimentação em paralelepípedos e novas calçadas. As fachadas dos prédios históricos que a margeiam também estão sendo valorizadas com o rebaixamento da fiação aérea para vala subterrânea.
Museus
Se o moderno deixa sua marca aqui e ali no Centro Histórico, o passado está bem preservado no casario, nas igrejas e nos museus. A próxima parada do roteiro é a Praça Tomé de Souza, onde está o Elevador Lacerda e o imponente Palácio Rio Branco, que abriga o Memorial dos Governadores da Bahia. Construído em 1549, o prédio sofreu várias reformas, sobreviveu a bombardeio e hoje impressiona pelo tamanho e a beleza, ostentando um estilo mais eclético.
Em seu interior pode-se contemplar exemplares de tapetes, obras de arte, símbolos e estátuas da República. A Sala dos Espelhos, em estilo rococó, e a Sala Pompeana, com afrescos dos séculos 19 e 20, além de aposentos utilizados no passado pelas famílias reais, aguardam o visitante no andar superior.
Outros museus importantes espalham-se pelo Centro Histórico: Tempostal (postais, fotografias e estampas históricos), Abelardo Rodrigues (peças de arte sacra), Udo Knoff (azulejaria e cerâmica), Eugênio Teixeira Leal (moedas e medalhas), da Misericórdia (móveis, pinturas, azulejos portugueses, etc) e da Cidade (acervo diversificado).
De fundação mais recente, o Museu Nacional de Cultura Afro-Brasileira – Muncab, no prédio neoclássico do antigo Tesouro, próximo à Igreja da Ajuda, virou centro de referência da herança cultural africana. Seu criador e coordenador é o poeta José Carlos Capinam.
Igrejas
À medida que se segue em direção ao Terreiro de Jesus e ao Pelourinho, a arquitetura vai ficando mais colonial e barroca. Tem início aí o circuito das catedrais, com alguns dos templos mais antigos e importantes de Salvador – muitos restaurados recentemente com apoio do Governo do Estado.
Na Praça do Terreiro, à esquerda, destaca-se o estilo maneirista da Catedral Basílica, inaugurada em 1657 e reformada recentemente. Do outro lado, no Largo do Cruzeiro de São Francisco, a Igreja de São Francisco é uma das paradas obrigatórias dos turistas em Salvador, com sua fachada barroca e o interior folheado a ouro.
Mais abaixo, já descendo o Largo do Pelourinho, a também reformada Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos chama a atenção pela fachada em estilo rococó e as torres com terminação em bulbo. De estilo semelhante, e já no bairro de Santo Antônio Além do Carmo, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão, outra que passou por reforma recente, ostenta um conjunto de arcadas na parte posterior.
No Alto do Carmo, a Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, construída em 1736, ficou famosa pela cena do filme “O Pagador de Promessa”, de 1962, na qual o protagonista Zé do Burro (o ator Leonardo Villar) sobe a longa escadaria que liga a Ladeira do Carmo à Rua do Passo. Por conta deste destaque, além dos méritos arquitetônicos e o estilo barroco, costuma atrair muitos turistas.
O passeio cultural pelo Centro Histórico pode terminar na Igreja da Ajuda, já de volta à região da Rua Chile e também aos primórdios de Salvador. Primeira igreja dos jesuítas no Brasil, construída pelo padre Manuel da Nóbrega em 1549, foi cenário de pregações deste e dos padres Anchieta e Antônio Vieira. O templo passou por várias reconstruções, a última delas com projeto do arquiteto italiano Julio Conti, em estilo neogótico manuelino.
Fonte: Ascom/Secretaria de Turismo do Estado (Setur)