Com a aproximação da diplomação de prefeitos e vereadores eleitos esse ano, também se concretizam as articulações políticas nos municípios. Uma situação inusitada que vem sendo especulada é do município de Belmonte. Conforme divulgado no BAHIA DIA A DIA, lideranças políticas ligadas a Jânio Natal (PTN) têm dito que o prefeito eleito tem avaliado a possibilidade de renunciar à prefeitura, “passando” a gestão para seu irmão, vice de sua chapa, numa manobra que vem sendo intitulada de estelionato eleitoral.
A possibilidade dessa manobra tem mexido com a cidade, e já se iniciaram as reações de eleitores e lideranças políticas do município. De acordo com informações de assessores políticos da Câmara Municipal do Município, alguns vereadores eleitos teriam procurado Jânio, preocupados e contra essa possibilidade. Lideranças políticas também tem procurado assessores do deputado para entender a situação, que deixa uma instabilidade grande na cidade. Esta semana também surgiram faixas em Belmonte, com possíveis cobranças ao futuro prefeito. “Prefeito Jânio Natal, não nos traia. Votamos em você. Belmonte merece respeito”, diz o texto.
Questionados pelo BAHIA DIA A DIA, políticos da região tem opiniões controversas sobre o assunto. Alguns acham que ele renunciará, que a atitude de colocar o irmão como vice já sugeria isso. Porém, a maioria questionada não acha que Jânio tomaria essa atitude, após uma eleição tão acirrada, deixando para o irmão um mandato inseguro, com possibilidades reais de intervenções jurídicas seja da oposição, ou do próprio Tribunal Regional Eleitoral (TRE). “Tudo é possível, mas ele é um político experiente, não cometeria um erro primário desse, deixando brecha para sua chapa vir a ter problemas na Justiça, e poder até perder a prefeitura de Belmonte”, avaliou um deputado estadual colega de Jânio na ALBA.
A chapa que ficou em segundo lugar na cidade, encabeçada por Iêdo Elias (PP), aguarda a decisão final de Jânio para adoção de medidas, e não descarta intervenções jurídicas. “Como por enquanto, ainda é especulação, estamos aguardando. Se efetivada essa movimentação, avaliaremos com nosso grupo e advogados, possíveis medidas”, avalia Iêdo, que complementa ainda: “O que aconteceu foi uma falta de compromisso com a população de Belmonte. Essa situação ludibriou o eleitor, até porque o irmão dele já foi derrotado outras duas vezes na cidade.Quem votou nele, se sente traído. Aliás, mais uma vez o sentimento de traição, porque as duas vezes que ele foi prefeito, ele renunciou. A marca dele em Belmonte é sempre de renúncia”, avalia.
O ex-prefeito acrescenta ainda que sua expectativa é uma administração comprometida. “Eu torço pelo progresso e pelo desenvolvimento de minha terra, como sempre fizemos.Conseguimos verbas para a cidade, investimos em educação, em concursos públicos, como outras administrações nunca fizeram”, conclui Iêdo Elias.