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A profissão de baiana de acarajé já faz parte da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), documento que reconhece, nomeia, codifica e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Um estudo para viabilizar a inclusão dessa profissão começou a ser realizado no início do mês, e nesta sexta-feira (14) passou a ser realidade. Apenas em Salvador, cerca de 3,5 mil profissionais devem ser beneficiadas, conforme estimativa da Associação das Baianas de Acarajé, Mingau e Receptivo da Bahia (Abam).
Desde 2005, as baianas são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan, mas ainda sentiam dificuldade em ter a profissão reconhecida. Com a inclusão da profissão na CBO, elas passam a assumir a identidade profissional ao realizar cadastros formais para tirar documentos como RG e passaporte, ou se cadastrar como microempreendedor individual.
A presidente da Abam, Rita Santos, comemorou a iniciativa, destacando que essa é uma vitória histórica para as profissionais. “É uma reivindicação que já vinha fazendo desde 2009, depois que eu não pude me cadastrar como baiana de acarajé ao fazer o meu passaporte. Queriam que eu me cadastrasse como cozinheira, mas eu não sou, sou baiana de acarajé”, disse. Além do reconhecimento, outras ações estão sendo realizadas em prol das baianas de acarajé. Uma delas é levar debates às Prefeituras-Bairro para coibir o trabalho infantil nos tabuleiros.
 
História – A comercialização do acarajé teve início ainda no período da escravidão, a partir do século XVI, com as chamadas escravas de ganho que trabalhavam nas ruas para as suas senhoras (geralmente pequenas proprietárias empobrecidas), desempenhando diversas atividades, entre elas, a venda de quitutes nos seus tabuleiros. A relação com a religiosidade era muito forte e a massa era feita no terreiro, de onde a baiana saia com todas as obrigações a serem cumpridas a seu Orixá. Através de um canto tradicional, as baianas chamavam o povo para comprar e comer. Elas diziam a expressão “acará jê” (de akàrà, bola de fogo, e jê, vender) em canto, enquanto vendiam. A partir daí, surgiu o nome.
No final do século XIX, as mulheres tinham a permissão de seus senhores para sair no final do dia, com o tabuleiro na cabeça, protegida por um torço de pano da costa, para comercializar os bolinhos, feitos de massa de feijão fradinho descascado, cebola, gengibre e camarão; fritos no azeite de dendê.  Depois da abolição, em 13 de maio de 1888, a tradição continuou. Até meados da década de 70 do século XX, as baianas mantiveram o costume de vender o produto somente à tarde e à noite. Depois que o acarajé conquistou visitantes, passou a ser um dos cartões de visita da culinária baiana e a ser vendido durante o dia.
O acarajé e o abará são comercializados, atualmente, em Salvador, por um preço médio de R$ 5, mas é possível encontra-los até mesmo por R$ 1. No candomblé, o alimento é preparado para cultuar os orixás Iansã e Xangô. O ofício das baianas de acarajé está inscrito no Livro dos Saberes do Iphan, desde 2005, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

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