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Bem ao lado do Mercado Modelo, no Comércio, o casarão revestido de azulejos industrializados do século XIX, nas cores azul e branco, que se destacava na paisagem pela degradação sofrida ao longo do tempo, passará por processo de recuperação para, futuramente, se transformar em um verdadeiro espaço de resgate histórico e cultural da cidade, além de valorizar ainda mais o Centro Antigo. A ordem de serviço para o início das obras de restauração do Casarão dos Azulejos Azuis foi assinada nesta sexta-feira (18) pelo prefeito ACM Neto, acompanhado do vice-prefeito e secretário de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Bruno Reis, demais autoridades e imprensa, em cerimônia realizada na Rua Conceição da Praia.

O prefeito salientou a importância da restauração do imóvel – um dos mais tradicionais da cidade e que há anos estava em ruínas, que poderá ser aproveitado por moradores e visitantes em futuro próximo. “Aqui vai funcionar um importante espaço cultural para a nossa cidade, dentro dessa estratégia de oferecer produtos para a cultura de Salvador, principalmente no Centro Histórico. O objetivo é de aumentar o fluxo turístico e, é claro, a partir da valorização das nossas tradições, do nosso passado, projetar um futuro de ainda mais crescimento econômico a partir do investimento pesado no turismo da nossa cidade”, afirmou ACM Neto.

Conhecido como Casarão Azulejado ou Casarão dos Azulejos Azuis, as intervenções no espaço contarão com investimento de R$ 7,8 milhões, proveniente de financiamento junto à Corporação Andina de Fomento (CAF), através do Programa de Requalificação Urbana de Salvador (Proquali). As obras serão executadas em 12 meses pela Construtora Pentágono, sob a supervisão da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra).

A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) é a responsável por elaborar o projeto do equipamento cultural, que terá 1.914,76 m² de área construída, distribuída em quatro pavimentos, sendo um piso térreo e mais três. Os serviços estruturais envolvem o restauro de toda a fachada do edifício e recuperação dos detalhes em massa, além de implantação de elevador e de sistema de ar condicionado. A cobertura será em telha colonial conforme padrão original da edificação e a escada existente será mantida e revestida em piso de madeira.

Além do resgate histórico, a iniciativa pretende transformar o local em um espaço destinado à cultura e aberto ao público, aumentando inclusive o potencial turístico da região. Está sendo finalizado um termo de referência junto à CAF para posterior licitação do projeto museológico, que definirá os acervos e conteúdos que serão oferecidos e expostos no casarão.

Estabilização – Para efetivar as obras do Casarão dos Azulejos Azuis, a Prefeitura promoveu uma intervenção prévia de estabilização do imóvel, em 2017, com a retirada dos escombros oriundos do desabamento da cobertura e consequentemente das estruturas em madeira abaixo dela. Foi feita parcialmente a recuperação estrutural de elementos em concreto, remoção das esquadrias e vedação dos vãos visando a estabilização das fachadas, além de colocação de cobertura metálica provisória. Estas medidas foram providenciadas como parte inicial do projeto, garantindo que o prédio se mantivesse estável, dando maior segurança para o começo das obras.

História – O Casarão dos Azulejos Azuis foi tombado em 30 de julho de 1969 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas sua história é bem mais antiga. A fachada principal exibe dezenas de janelas de arcos em forma de ogiva, como em outros edifícios neogóticos. O Guia dos Bens Tombados Brasil, do Iphan, cita que não há informações precisas sobre as origens do sobrado. Acredita-se que ele tenha sido construído entre 1851 e 1855. De lá para cá, o imóvel passou por diversas transformações, abrigando o Hotel Muller, ainda no século XIX, e até o supermercado Paes Mendonça na segunda metade do século XX.

Investimentos – Nos últimos anos, o Centro Antigo de Salvador tem sido alvo de um conjunto de iniciativas da Prefeitura, medidas essas que vieram para proporcionar a dinamização e reocupação dos espaços públicos de toda a região. As iniciativas fazem parte do programa Salvador 360, eixo Centro Histórico.

“Essa é uma verdadeira transformação que estamos fazendo nessa área da cidade. São mais de 35 iniciativas que superam a casa dos R$300 milhões. Nesta área mesmo aqui, próxima ao casarão, já desapropriamos sete imóveis, sendo que três deles abrigarão o Arquivo da Cidade de Salvador. É uma série de obras e iniciativas que deixarão um verdadeiro legado para a cidade”, afirmou Bruno Reis.

Na parte alta, já foram entregues requalificados o Terreiro de Jesus e o Quarteirão das Artes, complexo que abriga diversos espaços culturais na Ladeira da Barroquinha. Seguem em andamento as obras de revitalização da Avenida Sete de Setembro e da Praça Castro Alves, dos Arcos da Montanha, das Muralhas do Frontispício e do Elevador do Taboão, que voltará a funcionar após mais de cinco décadas desativado.

Recentemente foi entregue a nova Rua Miguel Calmon, uma das principais vias do Comércio, que ganhou novo conceito de acessibilidade e paisagismo, além da Praça da Inglaterra. O bairro terá ainda o Polo de Economia Criativa (Doca 1), sendo mais um equipamento com propósito de estimular a ocupação e a geração de empregos, como já acontece com o Hub Salvador.

Max-Haack

Na mesma localidade será inaugurada a nova Praça Marechal Deodoro (ou Praça das Mãozinhas), cujas obras seguem a todo o vapor, recebendo ainda 80% das sedes de órgãos municipais até o final de 2020.

Além de intervenções urbanísticas, a Prefeitura investiu em equipamentos e atrações culturais para fomentar o movimento de pessoas no Centro Antigo o ano inteiro, a exemplo da Casa do Carnaval, do projeto Pelourinho Dia e Noite e do programa #vemprocentro.

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