As secretarias municipais da Saúde (SMS) e da Reparação (Semur) iniciaram, na quinta-feira (22), a 1ª edição do Curso Racismo e Saúde. A capacitação visa ajudar a combater a discriminação racial no Sistema Único de Saúde (SUS), alinhando-se aos princípios da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e do Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI),
A atividade é ministrada pela Coordenadoria de Atenção Especializada e destinada exclusivamente a servidores da saúde da Prefeitura de Salvador. A primeira aula, em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva da Ufba, aconteceu na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, no campus do Cabula, durante a manhã.
De acordo com Elenilda Farias, enfermeira do Campo Temático de Saúde da População Negra e doutora em enfermagem com foco na saúde da população negra, a educação permanente e o processo de formação dos profissionais de saúde da rede municipal são essenciais no combate ao racismo. Ela acredita que o racismo é uma questão enraizada na sociedade e isso acaba impactando nas condições de saúde, sobrevivência e morte das pessoas negras.
Durante o curso, os alunos aprenderão desde os conceitos referentes ao racismo e como combatê-lo até os aspectos mais complexos, como a análise das desigualdades em saúde, a política nacional de saúde integral da população negra, o quesito raça-cor e o PCRI, já instituído na Prefeitura. “Vamos tratar também da saúde mental da população negra e outros pontos importantes. Tudo isso vai contribuir para a educação permanente desses profissionais”, ressaltou a enfermeira.
Dentre os servidores que estão sendo capacitados está Keila Araújo, enfermeira de 31 anos. Ela considera o curso como um qualificador para a assistência que o município presta, majoritariamente, para a população negra. “Falar de racismo, sobretudo em Salvador, que é um território negro, é essencial. Pensar a saúde da população negra, incluindo a população que é dependente do SUS, sem levar o racismo em consideração, é prejudicar essa população”, enfatizou.
Cerca de 30 profissionais de saúde dos 12 distritos sanitários de Salvador, entre enfermeiros, psicólogos, agentes comunitários, assistentes sociais, nutricionistas e médicos da prefeitura estão participando da capacitação. O curso possui uma carga horária de 120h, dividida em cinco módulos. As aulas seguem até dezembro, abordando diversas temáticas relacionadas às questões étnico-raciais.