Um ano e meio depois de lançado, o Selo João Ubaldo Ribeiro – Ano I teve a coleção de obras produzidas por autores baianos lançada ao público em cerimônia na noite desta quinta-feira (25), no Espaço Cultural da Barroquinha, em frente à Praça Castro Alves. O prêmio literário foi instituído em 2014 pela Prefeitura, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), e tem como objetivo incentivar a produção literária na cidade e dar oportunidade a novos escritores.
A coleção conta com oito obras, sendo sete novas e uma republicada, produzidas por autores soteropolitanos ou residentes em Salvador, e serão disponibilizadas em duas plataformas: impresso e digital. Os livros impressos serão doados para cada biblioteca pública de Salvador e da Bahia, além de distribuição em todos os estados do Brasil, Academia de Letras da Bahia, Gabinete Português de Leitura e embaixadas dos países lusófonos.
Já a versão digital da coleção será disponibilizada por meio da FGM, no site www.culturafgm.salvador.ba. gov.br. A intenção é permitir ampla divulgação das produções, bem como acesso à população, que poderá fazer consultas e leituras nesses locais. Cada obra conta com tiragem de dois mil exemplares, sendo 200 na modalidade Braille e 200 na modalidade Audiolivro.
O prefeito ACM Neto lembrou que João Ubaldo era vivo quando o selo foi lançado. “Essa é uma homenagem a quem divulgou a literatura baiana e brasileira para o mundo. É um selo que permite a publicação de obras que talvez não tivessem chances de serem lançadas por falta de apoio comercial, estimulando a leitura e a produção local”, declarou. Também participaram do evento o presidente da FGM, Fernando Guerreiro, e a filha de João Ubaldo, Emília Ribeiro.
Emoção dos autores – Para os autores cujas obras foram selecionadas, o prêmio é muito mais do que a publicação dos livros – é também abertura de caminhos e de oportunidades, além de realização e afirmação de talentos e carreiras. Goli Guerreiro, autora de “Alzira está morta”, disse que não há sorte maior para um romance de estreia. “Veja só! Receber um prêmio que leva o nome do grande João Ubaldo Ribeiro”, destacou. Sentindo-se honrada pela premiação, Betania Paz Lisboa, autora de “O circo da alegria”, afirmou que o Selo João Ubaldo Ribeiro valoriza o escritor baiano. “Isso me motiva a continuar a jornada de escritora””
Para Ian Fraser, autor de “O sangue é agreste”, é uma honra iniciar a carreira por meio da iniciativa. “Meu primeiro romance está sendo lançado pelo selo que carrega o nome de João Ubaldo Ribeiro, um dos maiores escritores da literatura baiana e mundial. Investir em projetos que estimulam a literatura, seja no âmbito da realização ou da leitura, é uma ferramenta essencial para preservar o patrimônio nacional bem como fomentar o desenvolvimento e crescimento coletivo”.
A autora de “Crônicas hipermodernas”, Mar Zalez, reflete: “Abrir um livro é lançar a luz sobre ele, dar à luz, ou dar vida. Então vencer o Selo João Ubaldo significa que meu texto vai iluminar-se e existir através de mais leitores. Espero estar à altura de representar a categoria crônica, um gênero dominado com maestria por João Ubaldo”.
O escritor Renato de Oliveira, autor de “Mar Interior”, afirmou que a iniciativa da FGM atende a aspiração dos autores baianos, favorecendo a divulgação e reconhecimento do trabalho deles. “Doutra parte homenageia nosso grande homem de letras, de quem fui colega no Colégio Central entre 1956 e 1957. É grande a emoção”.
Paulo Henrique Alcântara, autor da peça “Partiste”, também ressaltou a importância do prêmio. “Como dramaturgo, louvo a iniciativa da Fundação Gregório de Mattos em incluir no Selo João Ubaldo Ribeiro um espaço para a publicação de um texto de teatro. Trata-se de um reconhecimento à dramaturgia, preenchendo uma lacuna, já que peças de teatro, sobretudo baianas, ainda são pouco editadas”.
O veterano Ordep Serra comemorou a iniciativa com o lançamento do mais novo livro, “A devoção do diabo velho”. “A criação do selo João Ubaldo Ribeiro foi uma iniciativa muito feliz, importante e promissora não só para a nossa cidade como também para a Bahia e o Brasil. É uma oportuna homenagem a um de nossos maiores escritores. Com certeza ela o deixaria feliz, pois tem repercussão positiva na produção literária baiana e brasileira e valoriza sua terra. É uma grande honra”, declarou.
O selo também visa republicar uma obra literária de grande relevância e que não se encontra em circulação no mercado. O selecionado para esta primeira edição foi “Canudos: a luta”, de José Guilherme da Cunha. “Para mim, o Selo João Ubaldo Ribeiro foi a excelente oportunidade que tive para a republicação de minha obra e sua divulgação pelo nosso país e para além dele, através das embaixadas dos países lusófonos”.