A Prefeitura de Salvador já entregou 1.000 carteiras de identificação da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) desde o mês passado, quando foi iniciada a confecção do documento, que tem como objetivo facilitar o reconhecimento e o atendimento adequado desde grupo em espaços públicos e privados, evitando constrangimentos para eles e seus familiares.
Essa iniciativa, realizada pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), traz perspectivas de mudança na realidade para centenas de famílias, como a de Késsia Kelly Oliveira Bernardes, mãe de três filhos autistas com idades de 3, 6 e 9 anos.
Para Késsia, a carteira representa uma oportunidade de eliminar julgamentos indevidos e assegurar prioridade nas filas preferenciais e em repartições públicas, sem a necessidade constante de apresentar laudos. Além disso, destaca-se a importância da empatia e conscientização por parte da sociedade, uma vez que o autismo frequentemente não apresenta características visíveis. Mesmo que a agitação seja uma manifestação do transtorno, muitas vezes é erroneamente interpretada como falta de educação, o que perpetua o estigma.
Késsia compartilha sua experiência como mãe de três filhos com diferentes graus de autismo: um com grau leve, o segundo com grau severo e não-verbal, e o mais novo com grau moderado. A CIPTEA surge como um instrumento de mudança, proporcionando não apenas uma mudança prática, mas também uma mudança de percepção e aceitação da sociedade em relação ao autismo.
A CIPTEA é uma iniciativa da Prefeitura de Salvador, por meio da Sempre, colocando a capital baiana como o primeiro município da Bahia a disponibilizar essa carteira para a população. Nessa primeira etapa, a meta é emitir 2.000 carteiras, e a distribuição já teve início por instituições parceiras especializadas, como a Associação de Amigos dos Autistas da Bahia (AMA), Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae – Pituba e Subúrbio 360), Projeto Fantástico Mundo Autista (Fama), Instituto Guanabara, Centro Dia, Centro de Logopedia e Psicomotricidade da Bahia e Instituto de Organização Neurológica (ION). A segunda fase do programa atingirá as Prefeituras-Bairro.
Além da distribuição das carteiras, a Sempre, com o apoio da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (Semit), implementou um sistema CIPTEA, que funcionará como um censo da população autista em Salvador. Esse sistema permitirá a coleta de informações importantes, como o número de pessoas com autismo na cidade, gênero, raça, idade e localização geográfica. Esses dados fundamentais servirão para que a gestão municipal possa avançar com políticas públicas mais direcionadas e eficazes para essa população.
A validade da carteira será de cinco anos e seu processo de obtenção envolverá a apresentação de um laudo médico, uma foto, documento de identificação e comprovante de residência.
O secretário da Sempre, Júnior Magalhães, reforça a importância da inclusão social e do combate à discriminação enfrentada pelas pessoas com TEA. “A CIPTEA é mais uma ação concreta voltada para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com autismo em Salvador, fortalecendo a busca por igualdade e respeito aos direitos de cidadania dessa comunidade”, afirmou.