Salvador, que tem no turismo uma de suas principais fontes de geração de emprego, renda e desenvolvimento, não podia mais esperar. Por isso, a Prefeitura apresentou nesta segunda-feira (23) o projeto ousado de construção do Centro de Convenções da cidade, que vai ser erguido no espaço do antigo Aeroclube, ao lado do Parque dos Ventos, na Boca do Rio. Todo o projeto foi detalhado nesta manhã pelo prefeito ACM Neto e pelo secretário municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Guilherme Bellintani, no restaurante Boi Preto, na Boca do Rio. Também estiveram presentes gestores municipais, representantes de diversos segmentos econômicos da cidade e imprensa.
Com uma área total de pouco mais de 100 mil m² – sendo 78 mil m² de área construída -, o equipamento terá capacidade para receber 14 mil pessoas simultaneamente em congressos e convenções. Haverá dois locais para shows, cada uma com capacidade para 20 mil pessoas, um externo ao equipamento e outro interno, com 30 camarotes de 60 metros quadrados que serão moduláveis e irão atender aos dois espaços multiusos, tanto o de fora do centro quanto o de dentro. Esses camarotes poderão se transformar em salas de reunião quando não houver shows.
ACM Neto lembrou que a administração municipal, desde 2013, tem investido pesado para aumentar o número de turistas na cidade, mas a falta de um Centro de Convenções tem sido um obstáculo para o crescimento do setor. “A Prefeitura se cansou de ver essa ‘novela’, que infelizmente não tinha uma solução apresentada, e resolveu chamar para si a responsabilidade de algo que não era dela. Estruturamos o projeto que está aí e o novo Centro de Convenções deverá ser construído em tempo recorde.”
O prefeito também salientou a importância dessa estrutura para a capital baiana. “Vai ter um impacto direto na geração de empregos de nossa cidade, para que Salvador volte a ser palco de grandes eventos, congressos e feiras nacionais e internacionais. Esse era o elemento que faltava para que a cidade estivesse pronta para voltar a ser competitiva no país.”
Estrutura – Terceira maior estrutura municipal do tipo no país, o Centro de Convenções de Salvador contará ainda com oito auditórios de mil metros quadrados moduláveis. Terá também 16 salões de 400 metros cada articuláveis e 30 salas de reuniões que irão virar camarotes tanto para os shows externos quanto internos quando houver necessidade. O estacionamento será para pouco mais de mil veículos.
O equipamento terá três pavimentos. No nível térreo (o mesmo do antigo Aeroclube), estarão os auditórios, oito salões moduláveis de 400 metros quadrados cada um, uma praça de exposições de 2,5 mil metros quadrados e dois foyers independentes de mil metros quadrados cada. O acesso ao Centro será através do pavimento intermediário, por meio de uma grande esplanada localizada de frente para a rua e para o antigo Centro de Convenções, abandonado e fechado em 2015 pelo Estado.
Nesse nível de acesso, haverá um grande mezanino de 2,5 mil metros quadrados, oito salões de reunião de 400 metros quadrados, além de 30 salas/camarotes de 60 metros quadrados cada. No terceiro andar serão erguidos dois restaurantes de 435 metros quadrados com vista para o mar.
O Centro de Convenções de Salvador, que será 100% climatizado e com acessibilidade, terá duas docas totalmente integradas com dez vagas para estacionamento de caminhões para facilitar a carga e descarga. Isso sem falar nas estruturas obrigatórias, a exemplo de recepções, sanitários e áreas para operação de equipamentos de áudio e vídeo.
Todo o material utilizado na construção será antissalitre, o que vai evitar a corrosão de materiais e equipamentos. O piso térreo, por exemplo, onde estarão concentrados os espaços para realização de eventos, ficará praticamente vedado às intempéries. “Todo o equipamento foi pensado arquitetonicamente para se adequar a essas condições, principalmente no uso de materiais. A área técnica fica toda protegida, embaixo da esplanada que dá acesso ao Centro, praticamente enterrada dentro do estacionamento. Assim, vamos evitar o desgaste que aconteceu com o antigo Centro de Convenções, que era todo metálico e vazado”, explicou Guilherme Bellintani.
Investimento – O investimento total no Centro de Convenções, que terá o formato de uma pomba, será de R$123 milhões, sendo R$93 milhões oriundos dos cofres municipais para a realização da obra, e outros R$30 milhões vindos da iniciativa privada, através de empresa a ser licitada para administração da estrutura. A obra, cujo edital de licitação será publicado em dezembro, tem previsão de conclusão em dezembro de 2018. A intervenção vai contemplar a construção da área externa, da esplanada de acesso e da parte central do mezanino, das docas e das duas “asas” da pomba (com quatro auditórios, oito salões e 15 camarotes/salas de reunião).
A intenção é construir com celeridade o Centro de Convenções, com o intuito de minimizar os prejuízos causados pela falta do equipamento na capital baiana. Haverá uma concessão para que o setor privado opere o equipamento. O vencedor dessa concessão, cujo modelo está em fase final de conclusão, terá que obrigatoriamente mobiliar, equipar e administrar o Centro de Convenções. No evento, também foi feita a assinatura de cessão do projeto arquitetônico à Prefeitura, que foi concebido pelos arquitetos André Sá e Francisco Mota.
Números – Segundo os últimos dados disponíveis do Ministério do Turismo, a indústria de eventos no país gera 7,5 milhões de empregos e movimenta R$ 48 bilhões em tributos gerados, com crescimento médio anual de 14% das receitas relacionadas a este segmento. São mais de R$ 209 bilhões em receita e 590 mil eventos realizados.
Para 78,8% dos profissionais e empresas que atuam neste setor, o Centro de Convenções é o primeiro equipamento procurado antes de se definir pela realização de um evento na cidade. E, segundo as contas do próprio setor, Salvador já perdeu cerca de R$1,5 bilhão em receitas pela falta do equipamento. Ou seja, a capital baiana ficou de fora da divisão do bolo do turismo de negócios e eventos, setor do qual o Nordeste fica com 20% da fatia, contra 52% do Sudeste, 15% do Sul e 9% da região Centro Oeste.
Isso, evidentemente, tem prejudicado o crescimento do turismo de uma forma geral na primeira capital do Brasil. A taxa de ocupação hoteleira, por exemplo, caiu cerca de 6% desde o fechamento do antigo Centro de Convenções, em 2015. E a cidade perdeu quase 20 empreendimentos no setor hoteleiro com o encerramento das atividades do equipamento, que virou uma espécie de “elefante branco” no bairro do Costa Azul.
Entusiasmo – Presentes na ocasião, representantes de diversos setores econômicos, como turismo, hotelaria e serviços, mostraram bastante entusiasmo com o anúncio da construção do Centro de Convenções pela gestão municipal. “Já recebi a notícia de um empresário hoteleiro que decidiu reabrir o empreendimento por conta desse Centro de Convenções”, pontuou o presidente da ABIH-BA (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Glicério Lemos.
“O Centro de Convenções é um equipamento turístico e cultural importante para qualquer cidade. E Salvador voltar a ter um equipamento deste é o mesmo que ressurgir. É um alento muito grande, diante do abandono e posterior fechamento da antiga estrutura”, arrematou o presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi.