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O delegado da Polícia Federal (PF) Cleyber Malta Lopes ouve nesta terça-feira (17), em São Paulo, novas testemunhas no inquérito dos portos. A investigação apura se o presidente Michel Temer (MDB) editou, em 2017, um decreto a fim de favorecer empresas portuárias em troca de propina. Temer nega.

O primeiro a depor foi o advogado Adalberto Calil, que trabalhou no grupo da transportadora Júlio Simões por quase 30 anos. Ele era ouvido desde as 10h na sede da PF no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital.

A investigação quer saber como foi a participação do grupo, que é dono da empresa JP Tecnolimp e que teve um contrato no valor de quase R$ 60 milhões, por um período de 15 anos, com a Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos.

A JP Tecnolimp atua em serviços de limpeza e teria como sócia oculta a Eliland do Brasil, apontada pela Polícia Federal como empresa de fachada, usada pelo coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer, para “receber recursos indevidos de empresas do setor portuário”.

Lima é apontado na delação da JBS como intermediário de R$ 1 milhão de propina para o presidente. Ele também é dono da Argeplan e foi preso em março, e depois solto.

O delegado quer saber se o grupo Júlio Simões, por meio da JP Tecnolimp, realizou pagamentos indevidos para a Argeplan, ainda que de forma oculta.

Outra testemunha é o advogado Gabriel de Carvalho Jacintho, que foi citado no dia 19 de junho no depoimento de Paulo Siqueira. Jacintho é apontado como uma das pessoas que abriram a empresa Eliland do Brasil, a pedido da Argeplan.

A PF quer saber se a Eliland foi utilizada para receber dinheiro oculto da Argeplan.

O dono da Júlio Simões, Fernando Simões, também foi intimado para depor, mas o advogado dele, Carlos Kauffmann, foi até a PF e disse que seu cliente não poderia falar nesta terça. O delegado irá marcar outra data para ouvi-lo.

Na quarta, o delegado Lopes deverá ouvir dois executivos de uma empresa do grupo Rodrimar.

O que dizem os citados
À TV Globo, no começo do mês, o Palácio do Planalto declarou que é incoerente a afirmação de que o presidente Temer tenha mantido influência no Porto de Santos, mesmo quando foi oposição ao governo federal, e desconhecia todos os responsáveis pela administração da Codesp.

A Codesp afirmou que não pode opinar porque não foi notificada do teor das investigações.

A defesa do coronel Lima e da Argeplan negou todas as acusações e disse que ele não cometeu ou participou de qualquer fato ilícito ou irregularidades.

A JP Tecnolimp nega ter envolvimento com pagamentos de vantagens indevidas, a qualquer pessoa ou empresa, e afirma que não tem nenhum vínculo com a empresa Eliland do Brasil.

A Eliland do Brasil declarou que é, sim, sócia da JP Tecnolimp, e que não tem ligação legal com o coronel Lima e a Argeplan.

A Rodrimar declarou que não foi beneficiada pelo decreto dos portos e que nunca atuou para receber privilégio do poder público.

Fonte: G1

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