Diagnosticado nos primeiros dias de vida com doença falciforme, por meio do Teste do Pezinho, o pequeno Levi Felipe logo iniciou o acompanhamento no ambulatório especializado do Multicentro Vale das Pedrinhas, em Salvador. Hoje o menino tem 4 anos de idade. A mãe dele celebra o fato do filho conseguir ter uma boa qualidade de vida.
“Com dois meses, iniciamos o acompanhamento aqui no Vale das Pedrinhas. Graças a Deus, as crises que ele sofria, com dores nos pés e nas mãos, melhoraram bastante. Hoje, raramente ele sente”, comemorou a dona de casa Luciene de Jesus.
Histórias como a de Levi servem de alerta e marcam o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, comemorado neste sábado, 19/6. A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de chamar a atenção sobre a importância da implantação de serviços especializados para o acolhimento dos pacientes, garantindo melhor qualidade de vida às pessoas com falciforme.
Referência na assistência
Os Multicentros Carlos Gomes e Vale das Pedrinhas foram os primeiros Ambulatórios Municipais Especializados em Doença Falciforme implantados pelo SUS – Sistema Único de Saúde no Brasil. As duas unidades são custeadas pela Prefeitura de Salvador e administradas pelo ISAC – Instituto Saúde e Cidadania.
O estudante de Serviço Social, André Luis Gomes, 36 anos, afirma que a orientação contínua realizada no Multicentro Carlos Gomes é fundamental para conviver bem com a doença. “O acompanhamento com a equipe multidisciplinar é de extrema importância para pessoas com Doença Falciforme. Isso porque, além das demandas causadas pela doença, também temos outras demandas de saúde que precisam ser acompanhadas por uma equipe apta”, explicou.
As unidades contam com equipe multidisciplinar especializada para o acompanhamento integral da pessoa com a doença. Nos postos, o cidadão soteropolitano é acompanhado por profissionais da Enfermagem, psicólogos, nutricionistas, médicos hematologistas e hepatologistas pediátricos e adultos.
“É muito importante que ao nascer seja feito o Teste do Pezinho para o diagnóstico imediato da patologia e dar início ao tratamento. Apesar de ser uma doença hereditária e que não tem cura, com o acompanhamento multidisciplinar, é possível a pessoa conviver com o agravo com boa qualidade de vida”, afirmou Silvia Caetano, médica hematologista pediátrica.
Doença Falciforme
De acordo com estimativa do Ministério da Saúde, cerca de 3.500 crianças nascem por ano com a doença, sendo 1 bebê a cada 1.000 nascimentos. Salvador concentra o maior número de portadores da doença: a cada grupo de 650 bebês nascidos vivos, 1 tem a patologia, o que representa em média 65 crianças por ano.
Doença genética e hereditária, predominante em negros, a patologia é caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos que perdem a forma arredondada e elástica, adquirem o aspecto de uma foice – daí o nome falciforme – e endurecem. Isso dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre e a oxigenação dos tecidos.
O diagnóstico da doença é realizado por meio do Teste do Pezinho, disponível gratuitamente em todas as 156 unidades básicas de saúde da rede municipal para os recém-nascidos entre o terceiro e sétimo dia de vida. Para as pessoas que não realizaram a triagem neonatal, a Secretaria Municipal da Saúde também oferece o exame laboratorial eletroforese para a identificação da anemia falciforme.
Os pacientes que fazem tratamento na capital baiana contam ainda com a dispensação dos medicamentos da farmácia básica de forma gratuita.