Em uma área discreta do pátio da Base Comunitária de Segurança (BCS) de Itinga, na Região Metropolitana de Salvador, algumas mulheres descalças vestem roupas confortáveis e mantêm a atenção nos movimentos do homem a sua frente. Elas são alunas da primeira turma do curso de Defesa Pessoal oferecido, de forma pioneira, há 15 dias, por um policial militar da unidade.
As lições, que misturam teoria e movimentos práticos, têm o objetivo de auxiliar estas mulheres a se tornarem mais fortes e conseguirem antecipar o possível ataque de um agressor, treinar seus reflexos e utilizar os recursos disponíveis para autoproteção.
Com anos de experiência em Krav Magá– esporte que usa técnicas de defesa pessoal israelense, criadas na década de 40, baseadas em golpes rápidos, curtos e eficazes – o soldado Rogério Santos, instrutor da capacitação, explicou que a ideia é passar para elas um conhecimento para que não fiquem tão vulneráveis. Não são, somente, técnicas de combate, mas noções de defesa pessoal para evitar a situação de combate. “Estou passando um conhecimento que elas podem pegar rápido, não são técnicas aprimoradas do Krav Magá, são mais instintivas, podem treinar sozinhas”, falou.
O curso não visa formar um atleta, mas possibilitar que a pessoa sobreviva a situações de ataque. Ele lembrou que na competição, os atletas são submetidos a regras de idade, peso e sexo, mas em um combate desleal a pessoa pode ser maior, mais pesada ou estar armada.
Para a comandante da unidade de policiamento comunitária, tenente Luana Queiroz, as lições não têm o propósito de estimular a violência, mas fortalecer essas mulheres e melhorar a autoestima, já que, como qualquer outra atividade física, a luta, também é capaz de tornear o corpo. “Esperamos que elas se sintam mais fortes, capazes de se desvencilhar de determinadas situações, que se conheçam, enquanto mulher e entendam e trabalhem suas fragilidades”, frisou.
A experiência adquirida durante o comando da Operação Ronda Maria da Penha de Lauro de Freitas, deu a oficial a expertise para ajudar no fortalecimento dessas mulheres. As técnicas ensinadas no curso desenvolvem habilidades das mulheres para se livrarem de situações de violência doméstica ou de rua. “Percebemos que muitas alunas do curso são tímidas, falam pouco e são retraídas e este é mais um fator que requer atenção para notarmos se alguma precisa de ajuda e possamos agir”, finalizou a tenente.
Atualmente a formação tem cerca de 15 mulheres, mas ainda recebe novas inscrições. Para participar, basta seguir até a unidade com cópia do RG e comprovantes de endereço e de vacinação. As aulas acontecem todas as terças e quintas, a partir das 18 horas, na sede.
Luana garante que a BCS vem retomando e fortalecendo o relacionamento com os moradores da comunidade, com a oferta, inclusive, de novos cursos (Ginástica Rítmica, Informática na Base, Jiu Jitsu e outros). “Queremos que mais pessoas apareçam e entendam que a BCS está de portas abertas para a comunidade, que confiem na polícia e, em qualquer situação, venham até a gente”, convidou.
Fonte: Ascom | Marcia Santana