Por Folhapress
Com o avanço da vacinação nas áreas mais afetadas pela febre amarela, o Ministério da Saúde espera que ocorra uma redução na notificação de novos casos suspeitos da doença nas próximas semanas.
Ao todo, já são 155 casos confirmados de febre amarela, incluindo 57 mortes. Há ainda 671 casos em investigação. Para comparação, nesta quarta-feira (2), eram 147 casos confirmados.
“Estamos dando condições aos municípios de aumentar a cobertura vacinal. Assim que aumentar a área de cobertura, deve cair o número de casos suspeitos. Isso vai acontecer de forma simultânea e vamos aguardar”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Ele evitou, no entanto, comentar sobre a possibilidade de uma nova expansão da doença ou de quando essa trégua deve ocorrer. “Não faremos prognósticos”, afirmou. “Continuamos aguardando o resultado de epizootias que estão surgindo e de casos suspeitos de pessoas que pegaram febre amarela e se deslocam para que tenhamos segurança se há novas áreas.”
Segundo o ministério, com a intensificação da vacinação contra febre amarela em Minas Gerais, Estado que lidera em número de casos da doença, a cobertura vacinal nos 185 municípios que ficam nas regiões mais atingidas já atinge 90%. No ano passado, essa cobertura era de 48%, situação que motivou o avanço da febre amarela neste ano, de acordo com especialistas.
Após a aplicação, a vacina ainda leva cerca de dez dias para ser efetiva -daí o impacto ser esperado para as próximas semanas.
AVANÇO
Apesar da expectativa de uma trégua para as próximas semanas, os dados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais mostram que o número de casos suspeitos de febre amarela ainda cresce no país.
A maioria dos registros se concentra nas regiões oeste de Minas Gerais e leste do Espírito Santo e nas três primeiras semanas deste ano, mas também casos mais recentes. Também há registros em São Paulo, Bahia e Tocantins.
O perfil de pacientes é predominantemente formado por homens, entre 31 e 60 anos. Destes, boa parte são trabalhadores rurais. Segundo o ministro, os dados reforçam que todos os casos notificados até o momento no país são de febre amarela silvestre, doença transmitida pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes -a versão urbana da doença, transmitida pelo Aedes aegypti, não é registrada no país desde 1942.
RESSARCIMENTO
O governo também anunciou nesta quinta-feira que irá ressarcir Estados e municípios pelos gastos feitos desde o início deste ano com ampliação de leitos, equipamentos e da rede de assistência devido ao surto de febre amarela. A medida, que vale inicialmente por três meses, ocorre após pedido de prefeituras da região, que alegam falta de recursos.
“Pactuamos com os secretários [de saúde] que todos os investimentos realizados nessas regiões serão ressarcidos pelo Ministério da Saúde. Ou seja: toda ampliação de leitos, contratação de laboratórios será ressarcida através de um pagamento único”, afirmou o secretário de atenção à saúde, Francisco Figueiredo.
Além desses valores, a pasta deve enviar cerca de R$ 13,8 milhões de reforço por cada dose aplicada de vacinas contra a febre amarela nas regiões atingidas. Outros R$ 26,3 milhões devem ser adiantados para ações extras de vigilância.