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Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil

O Ministério da Segurança Pública descartou a hipótese dos caminhoneiros voltarem a paralisar suas atividades após terem suas principais reivindicações atendidas e encerrarem o movimento paredista que durou 11 dias. O boato de que a categoria organizaria uma nova paralisação ganhou força a partir do compartilhamento de mensagens pelo Whatsapp.

Segundo a assessoria da pasta, o ministro Raul Jungmann determinou que a Polícia Federal apure os objetivos de quem espalhou o boato. A investigação ocorrerá no âmbito dos inquéritos já instaurados para apurar a paralisação e a suspeita de envolvimento de empresários na condução dos protestos que, inicialmente, tinham como motivação a alta do preço dos combustíveis, mas logo incorporaram outras demandas à pauta de reivindicações.

O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Jungmann comentou mensagens falsas sobre novas paralisações – Wilson Dias/Agência Brasil
“Prosseguem as investigações sobre as ações com cunho político. A PF e demais órgãos de segurança permanecem mobilizados, investigando possíveis infiltrações no movimento [dos trabalhadores]”, informou a assessoria do ministério a Agência Brasil.

Em entrevista à Rádio Jornal, do Recife, o ministro disse já ter conversado sobre o assunto com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchgoyen. Segundo Jungmann, o serviço de inteligência já identificou de onde partiram as mensagens, tratadas pelas autoridades como meros boatos.

“Quero deixar claro que não existe esta articulação para refazer o movimento e retomar a paralisação”, afirmou o ministro à rádio pernambucana. “Trata-se de um boato que vai ser investigado pela Polícia Federal, pois está evidentemente tentando criar um clima de ansiedade, de preocupação, divulgando dados infundados”, disse Jungmann, acrescentando que sempre pode haver manifestações pontuais, “mas nada sequer parecido com o que tivemos no movimento dos caminhoneiros [dos últimos dias]”.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, também disse hoje (1°) que os órgãos de inteligência estão atentos à divulgação de vídeos e notícias falsas que incitem a retomada da paralisação dos caminhoneiros e dizem que o governo não cumpre o acordo. Segundo ele, se for necessário, serão tomadas providências. “Não vai ficar sem punição quem tentar descaracterizar a verdade dos atos praticados pelo governo”, disse Padilha em entrevista coletiva.

Também nesta sexta-feira, o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCam), José da Fonseca Lopes, divulgou mensagem declarando desconhecer qualquer novo movimento e desencorajando motoristas a aderir a nova paralisações. “Já tivemos o apoio da população de bem e de vocês, caminhoneiros de bem, em nossas conquistas. O governo cumpriu a parte dele. O movimento acabou, nossas reivindicações já foram atendidas”, disse.

Inquéritos
Até a última terça-feira (29), a PF já tinha aberto 48 inquéritos para investigar a ocorrência de locaute na paralisação dos caminhoneiros e encaminhado à Justiça vários pedidos de prisão. Ontem (31), o filho do dono de uma empresa de transporte e logística com sede em Caxias do Sul (RS) foi preso em caráter temporário durante a Operação Unlocked, deflagrada pela PF para reprimir a prática de locaute em rodovias do estado. O locaute é a greve ou a paralisação realizada por ou com o incentivo de empresários e é proibida por lei.

O Ministério Público Federal (MPF) também instaurou diversos procedimentos investigatórios para apurar se lideranças do movimento dos caminhoneiros infringiram a Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983) em ao menos quatro estados (São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) onde foram registrados atos e declarações de indivíduos insuflando outros manifestantes a pedirem intervenção militar no país.

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