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A Lavagem de Itapuã aconteceu nesta quinta-feira (21), reunindo gente de todos os cantos e com diversos propósitos. Houve os que foram à festa só para assistir às atrações artísticas e os desfiles dos grupos culturais. Teve quem foi à missa logo no raiar do dia na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã para escutar uma mensagem de fé, para fazer pedidos ou para agradecer pelas bênçãos alcançadas. Mas teve também quem foi só para participar da parte profana. Essa diversidade de interesses é uma das características principais do evento, que possui 114 anos de história.

O relógio marcava pouco mais de 12h e a temperatura passava dos 30 graus quando o segundo cortejo das baianas saiu de Piatã, na altura do Atakarejo, rumo à Praça Dorival Caymmi para lavagem das escadarias da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã. No grupo, Gildete Mendes, 68, levava ebô para Oxalá e flores para Obaluê. “Vim pedir força, progresso e paz”, declarou ela, em ato que marca o sincretismo religioso da festa.

Com energia de sobra, para dar e vender, Geni Oliveira, 60 anos, e João Batista, 66, admitiram que só saíram da Boca do Rio, onde moram, para curtir o samba de roda presente nos diversos pontos do circuito. “Não temos hora para voltar para casa. Nós sempre vamos para todas as festas que acontecem na cidade. Participamos dessa Lavagem há uns 20 anos. O Carnaval vem aí e vamos pular todos os trios”, garantiu Geni.

Morador de Itapuã, o programador Ariel Bello, 29, sabe bem como os festejos que acontecem no bairro mudam a rotina dos moradores nesse período do ano. Acordou por volta das 3h com o som da alvorada dos primeiros fogos de artifício, que anunciou o início da Lavagem. Apesar de não curtir festas populares, ele resolveu sair de casa para apresentar um pouco da cultura profano-religiosa de Salvador ao seu amigo gringo, o holandês Bjorn Vander Ster, 30. “Nunca tinha ouvido falar dessa manifestação cultural. É diferente de tudo o que eu já vi na Europa. Parece ser bastante amigável”, definiu Bjorn.

As comemorações pela Lavagem de Itapuã se estenderão noite adentro, mas a festa na região não para por ai. Na sexta (22), atrações locais ainda se apresentam no bairro em clima de ressaca. O sábado (23) será marcado por diversas atividades náuticas esportivas e pelo Terno de Reis, manifestação cultural histórica feita por moradores, a partir das 18h. As celebrações chegam ao fim na segunda (25), com a entrega de uma oferenda a Iemanjá, a partir das 15h, e uma peixada nativa, às 18h, na sede da Associação dos Moradores de Itapuã.

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